Lula pode apagar incêndio entre Camarão e Brandão?
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Queiram ou não, a crise que se instalou na cúpula do governo maranhense e afeta a relação entre o governador Carlos Brandão e o vice Felipe Camarão já não dar para esconder do grande público. Tudo em meio às convenções municipais em que Brandão aproveita para mandar seus recados cifrados a quem se interessar em interpretá-los.
Por sua vez, Camarão foi ao encontro do presidente Lula, na última 5ª feira, no Palácio da Alvorada, no mesmo dia em que Brandão desembarcava na capital federal, vindo da Índia e reassumia o comando do Executivo, que o deixou na interinidade do vice-governador.
Nesta segunda-feira, 05/08, foram realizadas as últimas convenções partidárias e Brandão e Felipe vão para a campanha eleitoral num momento nada amistoso, desde quando tomaram posse em janeiro de 2023. No encontro com Lula, Camarão se deparou com outra reunião do presidente com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, a quem foi apresentado pelo mandatário nacional.
Lula queria se informar da negociação da prefeitura do Rio com a Caixa Econômica sobre o terreno do Gasômetro, de 84 mil m2, pertencente à União, arrematado pelo Flamengo por R$ 138 milhões, para a construção de seu Estádio. Felipe, que é flamenguista, até agradeceu a Paes pelo Estádio do Mengão e ouviu do prefeito uma brincadeira: “Até tu?”. Mas o assunto que motivou a conversa do vice-governador com o presidente Lula não foi revelado.
Porém, uma fonte muito próxima de Camarão disse a estes Bastidores que não há crise entre o vice e o titular do cargo. Rasgou elogios a Brandão que sempre se portou com decência na relação com o vice, repetindo o mesmo tratamento que recebeu do governador Flávio Dino, na condição de vice. “Existes pessoas no entorno de Brandão que estão incitando crise, mas ele é um político que não se deixa afetar por boataria, muito própria dentro do poder”, disse a fonte.
Camarão não comenta um tema tão delicado. Mas no entorno do governador o assunto faz parte do zunzunzum que alimenta a política, produz crise e provoca atrito. O que não se conhece é algum especialista em apagar incêndios que se propagam facilmente no centro de qualquer escala de poder.
É possível que o presidente Lula acabe por tentar desanuviar o climão instalado no Palácio dos Leões, com o governador do mesmo partido do vice Geraldo Alckmin (PSB), e o vice do Maranhão, do mesmo PT de Lula. A campanha eleitoral já está em andamento, mas só no dia 16 inicia a parte do rádio e TV no horário político.
Quando esteve em São Luís em 21 de junho passado, o presidente Lula anunciou um pacote de investimentos no Maranhão, que somam R$ 9 bilhões, num gesto completamente diferente do antecessor Jair Bolsonaro, que jamais pisou no Palácio dos Leões ao lado do governador Flávio Dino.
“Estamos plantando e vamos colher”, disse o presidente petista, ao definir recursos para a expansão da Av. Litorânea e do Porto do Itaqui, construção de polo de energias renováveis, ampliação do Luz para Todos no estado e criação de espaços esportivos comunitários. São obras que apoiam o Estado, valorizam a urbanização da capital na área turística e amplia as instalações do Porto do Itaqui, administrado pelo Maranhão por mais 25 anos, concedidos pelo governo federal, na passagem de Lula por São Luís.
“Duvido que, na história do Maranhão, um presidente da República e seis ministros vieram, com o governador, num único dia anunciar a quantidade de coisas que nós anunciamos para o Maranhão. Nós estamos plantando e nós vamos colher”, disse Lula, ao lado de Brandão, do vice Felipe Camarão e de Geraldo Alckmin.
Portanto, ele apenas confirmou o apoio que seu governo vem dando ao segundo estado que mais votou em si na última eleição de 2022 e o primeiro nos dois governos anteriores. Só o Luz para todos alcançará dez mil unidades consumidoras e 39 mil pessoas. O ministro Jader Filho disse que primeira obra do Novo PAC no país será exatamente o prolongamento daAvenida Litorânea em São Luís.