Ação humana causou 99,9% dos incêndios em SP, diz Defesa Civil
Revista Fórum – Polícia Federal abriu mais de 30 inquéritos após Ibama apontar que todos os incêndios são criminosos.
O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, afirmou, nesta segunda-feira (26), que 99,9% dos incêndios que ocorreram no final de semana em São Paulo foram provocados pela ação humana.
Em coletiva de imprensa, Wolff comentou sobre os 31 inquéritos abertos pela Polícia Federal (PF) para apurar a conduta criminosa nos incêndios após o presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmar que praticamente todos os incêndios registrados são criminosos.
“O que se tem nesse momento é que não houve raio nem acidente de torre que justificasse esses incêndio. 99,9% deles foi atividade humana, o ser humano que por algum motivo acha que o fogo resolve o problema dele, mas ele não ideia de que isso pode perder o controle”, disse Wolff.
O secretário também informou que serão utilizadas imagens de satélite na identificação da causa do início dos focos. “Quando a Polícia Federal acha que há alguma coisa de provocação humana, esse inquérito é aberto e o processo corre”, explicou. “Quem vai decidir [o resultado de cada inquérito] é a investigação”,disse.
Até o momento, 48 cidades de São Paulo estão sob alerta de queimadas, duas pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e três foram presas; duas em flagrante.
Wolff classificou como motivo de “surpresa” o fato de praticamente 50 municípios paulistas registrarem focos de incêndio ao mesmo tempo, o que reforça a suspeita de terem sido criminosos.
Situação “anômala”
O diretor de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Raoni Rajão, também relatou estranheza sobre esse cenário. Ele classificou a situação como “anômala”.
“O que causa estranheza é o aumento repentino [de focos] em áreas relativamente distantes umas das outras”, disse. Alguns minicípios atingidos pelos incêndios chegam a estar a centenas de quilômetros uns dos outros. Ainda segundo Raoni, as áreas atingidas pelo fogo concentram lavouras de cana. “Não faria sentido que, naquelas áreas, [os focos de incêndio] fossem utilizados para o manejo da cana”.