18 de setembro de 2024
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O bolsonarismo avulso na disputa de São Luís

Por Raimundo Borges 

O Imparcial – São Luís, que completa 412 anos no próximo dia 8 e está às véspera de realizar sua 12ª eleição direita de prefeito, tem uma questão em aberto a ser decifrada pelos oito candidatos ao Palácio La Ravardière.

Quem será capaz de empolgar o eleitorado bolsonarista e qual dos candidatos dará palanque ao “Mito” dessa legião política espalhada pelo país, mas unida nas redes socais e no fanatismo de direita. Em 20 de agosto, o ex-capitão apareceu nas redes sociais do candidato do PRTB Yglésio Moisés, anunciando sua vinda a São Luís para apoiá-lo, mas agora ele teria mudado de ideia e riscado, por enquanto o Maranhão, de suas andanças na campanha eleitoral.

Bolsonaro estava pretendendo apoiar Yglésio em São Luís, que assumiu o bolsonarismo no primeiro semestre deste ano na tentativa de concorrer pelo PL à prefeitura, mas encontrou a porta fechada do Partido, pelo deputado Josimar do Maranhãozinho. O mandachuva controla a legenda com pulso firme em todo o território maranhense.

Sem opção, o deputado estadual acabou assinando a ficha do PRTB, mas continuou os ataques duros contra Flávio Dino e se dizendo bolsonarista. O ex-presidente se empolgou com fervor de Yglésio e por ele atacar o alvo preferencial do bolsonarismo desde quando era governador.

O próprio Yglésio disse que Bolsonaro adiou a incursão política pelo Maranhão por problemas de agenda. Mas a questão mais complexa é que em nenhum dos grandes municípios do estado existe, até agora, candidaturas competitivas, plenamente identificadas com o bolsonarismo.

Em São Luís, Yglésio pontua em torno de 1% nas pesquisas, enquanto em Imperatriz, segunda cidade que seria visitada por Bolsonaro, a candidata que ele apoia, Mariana Carvalho, do Republicanos, aparece com 8% das intenções de voto. É muito pouco para justificar o apoio de uma liderança da expressão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Sobre o presidente Lula na campanha municipal do Maranhão também não tem ainda uma agenda, mas quando ele esteve em São Luís, sinalizou que viria em setembro. Este ano, o PT lançou 22 candidatos a prefeito, 27 a vice-prefeito e 706 a vereador, segundo dados fornecidos pelo presidente regional, Francimar Melo.

O PT está na federação com o PCdoB e o PV e uma resolução da Executiva Nacional do Partido recomenda evitar candidaturas apenas pra marcar posição, a exemplo do que acontece normalmente com os partidos nanicos, de baixara representatividade no Congress Nacional. A preferência é pelas candidaturas competitivas e apoiar as do arco de aliança que existe no âmbito nacional.  

No Maranhão, o PL e o PT estão aliados em pelo menos 28 municípios, inclusive em São Luís, na coligação que sustenta a candidatura do socialista Duarte Júnior (PSB). Portanto, não resta dúvida de que reina em clima de convivência, nem de longe parecido com o rangido de dentes no âmbito nacional. Também não há nenhum ambiente de hostilidade entre o PT do vice-governador Felipe Camarão e o titular do mandato Carlos Brandão.

Ele demitiu Camarão da Secretaria de Educação, mas deixou a substituta Jandira Dias, filha de sua terra natal Colinas, na condição de interina. Brandão conversou com Camarão e o presidente regional do PT, Francimar Melo, convidando-o para uma nova conversa depois das eleições – possivelmente no final deste ano.

Para provar que a vida partidária do governo com seu companheiro mais próximo segue sem ameaça de ruptura e bem longe de estrangulamento, Brandão participou na tarde desta sexta-feira, 30, da inauguração festiva da nova sede do PT.

O local permanece na mesma Avenida Universitária, no bairro Cohafuma, mas em outro número. O ato foi significativo, pelo simbolismo. Significa que o governador do PSB e o vice do PT seguem envolvidos nas campanhas de seus partidos, mas sem clima para hostilidade. Nem Brandão pretende alimentar divergência com o vice, muito menos Felipe Camarão. Passadas as eleições, o mundo político estará voltado exclusivamente para as disputas de 2026, com boa parte do latifúndio eleitorado já demarcado em outubro próximo.

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