Carnaval passou e ficou o ritmo do jogo político
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Terminou o carnaval nesta terça-feira e os políticos saem de ressaca, sabendo que ainda tem outro reinado de momo os separando das urnas de outubro de 2026. Desde o governador Carlos Brandão (PSB), passando pelos senadores, deputados, prefeitos e vereadores, o principal enredo, porém, não tem nada a ver com as músicas dos trios elétricos e shows a preço de ouro.
Tudo, porém, em nome do entretenimento e da alegria elevada à máxima potência que, no final, vão resultar em votos nas próximas eleições. O Carnaval é uma receita brasileira que faz o samba no pé transbordar para a política e fazer a cabeçado folião-eleitor esquecer até dos boletos em atraso e da inflação dos alimentos.
No julgamento da população, o Carnaval faz milagre. O bom gestor público é aquele que paga caro, mas leva a multidão ao delírio temporário no ritmo do samba. É tanta alegria que faz o Brasil parecer com um país sem fome, com salário para todos e sem hospitais lotados, enquanto o Senado pesa a mão no aumento salarial, nos penduricalhos de seus servidores e parlamentares, em forma de benefícios,sequer sonhados pela esmagadora maioria da população.
A elite dos servidores públicos, como juízes, promotores, defensores e conselheiros de tribunais seguem o ritmo da gastança que nunca atravessam o samba carnavalesco, nem os foliões se dão conta dos dois brasis se confraternizando na folia.
No meio às multidões carnavalescas pelo Maranhão afora, pré-candidatos às eleições de 2026 se misturaram na capital nos locais da folia, divididos entre a Prefeitura de Eduardo Braide (Aterro do Bacanga) e a Avenida Litorânea, do governo Carlos Brandão.
Os dois governantes mantêm a “tradição” deixada por Flávio Dino de cada esfera de poder realizar seu carnaval, assim como acontece também com os festejos juninos. Embora sem trazer para o carnaval seus projetos políticos, os mandatários só pensam naquilo: as eleições de 2026. Tanto Brandão pode sair candidato a senador, quanto Eduardo Braide se projeta como quem está disposto a concorrer ao Palácio dos Leões.
Ao redor de Braide e Brandão, blocos de pré-candidatos se juntam nos camarotes oficiais para marcar presença e projetarem-se para o eleitorado com suas verdadeiras intenções eleitorais. São prefeitos que têm parentes próximos no exercício do mandato, ou estão preparando as novas gerações de políticos que vão estrar em 2026 na corrida dos mandatos eletivos.
Em São José de Ribamar, por exemplo, o prefeito Júlio Matos já fala em lançar a esposa Geovana Duailibe a deputada federal e o filho, Julinho Jr a deputado estadual. Assim também vários outros prefeitos e deputados trabalham por si e por familiares com vista a 2026.
Por sua vez, o governador Carlos Brandão não se decidiu pela eleição de senador, pois está disposto a apoiar o sobrinho Orleans Brandão como provável candidato a governador. Caso seja essa a sua opção, ficará no mandato até o fim e deixaria o vice-governador Felipe Camarão, ligado ao ministro do STF Flávio Dino e apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fora da disputa à sucessão estadual.
Há especulação até de que Brandão pode trocar o PSB pelo MDB, presidido no Maranhão pelo irmão Marcus Brandão. Não resta dúvida, portanto, que o jogo político de 2026 entrou e saiu do carnaval de 2025 muito mais forte do que se imagina, quando o assunto eleição 2026.
O carnaval é o evento mais democrático do mundo. No Brasil tem suas particularidades próprias de um país historicamente miscigenado, mas ainda preservando, infelizmente, muito de seu passado em que negros, brancos e povos originários sempre viveram em espaços marcados pela segregação social e racial. O “reinado” momesco é a épocas do ano mais festivas no Brasil, e talvez a maior de todas.
Um festival repleto de samba, diversão e pessoas totalmente juntas e indiferentes aos problemas do dia a dia. É nesse ambiente de entrega e de extrapolação que o Carnaval e política sem cruzam. De fato, onde houver manifestação carnavalesca há política tecendo suas diferentes formas e sutilezas, num jogo em que as fantasias e as máscaras escancaram no samba o seu verdadeiro significado, materializado no liberou geral dos rebolados e entrega.