Marqueteiro Nobel aponta Dino como o melhor nome da esquerda em 2026
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Seria cômico se não fosse uma história contada pelo avesso. Em plena 2ª feira de Carnaval, com o Brasil se esbaldando na euforia momesca, o famoso marqueteiro da campanha de Tarcísio de Freitas, Pablo Nobel saiu de seu ambiente quase invisível na política para fazer provocação aparentemente fora do contexto.
Para ele, com a visão de um especialista em marketing da mais fina elite política brasileira, o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino é o melhor nome da esquerda para disputar a Presidência da República em 2026, caso viesse abandonar a toga de magistrado, pela segunda vez em 22 anos.
Com 25 anos na atividade de construir candidaturas, logicamente que Pablo Nobel não iria gastar saliva em vão, ou aparecer como um tolo, sugerindo o nome de Flávio Dino para uma empreitada tão espinhosa, num dos momentos históricos mais do que complexo como o atual, num país de política radicalmente polarizada entre extrema direita, esquerda e centro.
Mas ele sabe que Dino está com a popularidade nas alturas dentro e fora do STF, com milhões de seguidores nas redes sociais e sustentando a bandeira da moralidade com o dinheiro público, a ponto de acuar o Congresso Nacional por gastar mais de R$ 53 bilhões anuais em emendas parlamentares, grande parte delas – como as pix – sem qualquer critério de transparência e rastreio pelos órgãos de controle.

Mas o que chama atenção nessa indicação de Flávio Dino para a eleição presidencial são dois pontos a considerar: Pablo Nobel é simplesmente o marqueteiro da campanha do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), hoje nome mais cotado na direita para substituir Jair Bolsonaro caso ele permaneça inelegível até as próximas eleições.
O segundo ponto é que Nobel pode estar ensaiando uma jogada para tirar a atenção da provável candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, apesar da queda brusca na popularidade, ainda é o único nome capaz de vencer todos os que aparecem na bolsa de apostas da disputa presidencial de 2026. Quanto a Flávio Dino, nunca sequer ele admitiu abandonar a toga do STF por uma candidatura ao Planalto no próximo ano.
No máximo, poderia pensar em voltar à política, mas somente em 2030. Ele comentou com um petista do Maranhão que, até lá, estará integralmente dedicado ao STF. A declaração de Pablo Nobel foi dada ao centenário jornal O Estado de S. Paulo, cuja linha editorial anda a uma distância planetária do pensamento de esquerda.
As mídias paulistas e cariocas têm demonstrado total simpatia pela candidatura de Tarcísio de Freitas, apoiado em 2022 pelo então candidato presidencial no cargo, Jair Bolsonaro. Quanto a Flávio Dino, ele é o único no STF portador do currículo de quem já foi juiz federal, deputado federal, governador, presidente da Embratur e ministro da Justiça.
Seria cômico Flávio Dino abandonar a invejável e prestigiosa toga do STF para concorrer ao Planalto contra o presidente Lula, que o nomeou para o ministério da Justiça e o cargo que ocupa. Portanto, algo está parecendo uma armação midiática de Pablo Nobel, ao levantar a bola de Dino para concorrer contra Tarcísio de Freitas, de quem pode ainda trabalhar como marqueteiro.
Ele rasga elogios a Dino, sobre seus atributos profissionais, sua imagem de político competente e corajoso no enfrentamento do vespeiro chamado Congresso Nacional, suspendendo repasses bilionários e estabelecendo critérios de moralização na aplicação da dinheirama das emendas do orçamento federal.
Na visão calibrada do marqueteiro Nobel, Dino é o melhor nome da esquerda para 2026, explicar: “E articulado. Dá respostas ácidas e afiadas quando pressionado, o que funciona bem nas redes sociais. É nordestino, o que pode ajudar a esquerda numa região onde o prestígio do lulopetismo está caindo, segundo as últimas pesquisas. Tem experiência como gestor público e ainda casou com a sua mulher recentemente. E sabemos que ser casado é uma condição relevante para uma candidatura nacional”, analisou Nobel.
São qualidades e posições que se somam e engrandece qualquer político. Porém, nesse período histórico que o Brasil atravessa, com Donald Trump mandando no mundo, tudo que vier até 2026 não será nada parecido com o que se viu até 2025.