20 de maio de 2025
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Brandão segura a sucessão para não entravar governo

Por Raimundo Borges

O Imparcial – A sucessão do governador Carlos Brandão (PSB) virou um roteiro novela de suspense. Brandão tem 12 meses para decidir o rumo de sua vida política, desincompatibilizando ou não do cargo até seis meses das eleições do dia 6 de outubro de 2026.

Ele não vai tomar essa difícil decisão neste ano, enquanto tiver mais dúvida do que certeza de conseguir eleger o sucessor, se tornar senador, romper definitivamente com o vice Felipe Camarão (PT) e, por tabela, com o ministro Flávio Dino, do STF. Ou, invertendo esse cenário, Brandão pode se reconciliar com Dino, de quem está afastado, mas não rompido, apoiar Camarão como candidato a governador e contar com o seu apoio no governo para se tornar senador.

O governador atravessa hoje uma etapa curiosa da história política recente do Maranhão: seu principal opositor é o deputado estadual Othelino Neto (SD), a esposa senadora Ana Paula, meia dúzia de deputados estaduais e a sombra do ministro Flávio Dino que, mesmo com o emprego vitalício no STF, não sai do noticiário político.

O “grupo de Flávio Dino” se movimenta nas ações em torno de Othelino Neto, que ganhou espaço na Suprema Corte para judicializar decisões tomadas por Carlos Brandão, embora nem todas as ações dependam de decisão do ex-governador, autor da maior ruptura política no Maranhão quando elegeu-se em 2014 e 2018 contra Lobão Filho, e Roseana Sarney, respectivamente.

Othelino Neto – Assembleia Legislativa do Maranháo
Deputado Othelino Neto (SD), principal opositor do governador Carlos Brandão

Carlos Brandão tem outros dilemas a destrinchar até 2026. Um deles é o desejo de lançar o sobrinho Orleans Brandão, um jovem estreante na política, filho do empresário Marcus Brandão, irmão do governador, presidente regional do MDB, partido que recebeu, de mão beijada, de Roseana Sarney em 2023 – e articulador político na relação do governo com os municípios.

Nesse caso, Carlos Brandão não sairia do cargo e usaria o poder dos Leões para tentar deixar o parente na sua cadeira. O outro dilema é repetir o que fez Flávio Dino com ele em 2022, se desincompatibilizando em abril e disputar o Senado ao lado do vice Felipe Camarão, com todo o apoio do presidente Lula.

Todos esses cenários da novela política de 2026 estão rascunhados, mas dependendo dos arremates e da finalização. O governador não quer abrir o jogo sobre seu futuro e correr o risco de atravancar o governo e deixá-lo inacabado. Até a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o desfecho da reeleição da deputada Iracema Vale na presidência da Assembleia Legislativa tem muito a ver com as ações que se movem no Palácio dos Leões em 2025.

A relatora no STF, Cármen Lúcia votou a de Iracema e o de Alexandre de Moraes divergiu, mas com não deu clareza ao sobre o critério de desempate pela maior idade, previsto no Regimento Interno da Casa desde 1991. Faltam nove ministros.

Ao contrário do presidente Lula que está com a aprovação em queda em razão da inflação dos alimentos, da sua minoria no Congresso, majoritariamente de opositores, no Maranhão Brandão tem um governo com aprovação de 63%, segundo o Paraná Pesquisa de 14 de fevereiro.

O governador do PSB e o presidente do PT tem programas sociais parecidos, como o Maranhão sem Fome (estadual) e o de combate à Pobreza (Federal), dados que apontam para embaralhar os projetos políticos tanto de um quanto de outro. São dois aliados que, no entanto, podem acabar em desalinhamento, se Brandão retirar o petista Felipe Camarão da disputa do governo, em troca do sobrinho Orleans.

Por sua vez, o vice-governador Felipe Camarão tenta se distanciar da briga interna do PT maranhense sobre a eleição do PED (Processo de Eleição Direta).A explosiva taxa de filiação de novos integrantes da legenda, aproximadamente 341 mil no paísaté 6 de março, no Maranhão, Alagoas e Bahia explodiram confrontos.

No Maranhão mais de 1.200 filiações foram contestadas e esquentou a briga entre o presidente Francimar Melo, que irá concorrer à reeleição em julho, e o adversário Genilson Alves. O que seria um avanço para fortalecer Felipe Camarão na legenda, esbarrou na velha briga que se repete a cada novo PED no Estado, passando de geração em geração.

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