20 de maio de 2025
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Flávio Dino lembrado de novo como substituto Lula em 2026

Por Raimundo Borges

O Imparcial – A trajetória política de Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal é fascinante em vários aspectos. Em 2006 abandonou a toga de juiz federal, em cujo concurso passou em primeiro lugar no Brasil, para vencer facilmente a eleição de deputado federal. Na Câmara se impôs como um parlamentar atuante que nunca se refugiou no baixo clero, espaço preferido dos medíocres. Dino conquistou protagonismo mesmo como filiado ao PCdoB e se preparou para o embate de 2010, quando perdeu a eleição de governador para Roseana Sarney. Na eleição de 2014, ele deu o troco, num passeio de urna contra o empresário Edison Lobão Filho, que saiu chamuscado como a derrota na estreia política, para o primeiro “comunista” eleito governador na história do Brasil e do PCdoB.

Dino ganhou notoriedade no país que jamais teve em sua história algum governante filiado a partido comunista. Muito pelo contrário. Foi o começo do fim da sarneísmo que durou 50 anos. Em 2018 ele foi reeleito com um leque de 16 partidos, quase todos originários do sarneísmo. Eleito senador em 2022 com a votação histórica de 2,1 milhões de votos, Dino já saiu da eleição como o nome mais certo para o Ministério da Justiça e Segurança do governo Lula.

Foi nessa posição que ele protagonizou as ações consistentes, no âmbito da Polícia Federal contra os bolsonaristas que tentaram dar um golpe de estado, sob a coordenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, militares de alta e média patentes e civis.

Assim como o nome de Dino se projetou em 2023 para ascender da pasta da Justiça ao STF em 2024, agora, novamente ele aparece como opção viável da esquerda para uma eventual substituição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso desista de concorrer a um quarto mandato no Palácio do Planalto.

Na edição de quinta-feira no jornal O Globo, o jornalista Anselmo Góis, um dos analistas políticos mais respeitados da imprensa brasileira, projetou o nome de Flávio Dino, com o título “A estrela sobe”. Destacou a forma como ele participou do julgamento do “Núcleo Crucial” da tentativa de golpe, no qual tornaram-se réus Jair Bolsonaro e outros sete militares e civis da cúpula do governo passado.

Desde dezembro de 2022, antes de ser ministro da Justiça, Flávio Dino já classificava os acampamentos em frente quartéis do Exército, como “incubadoras de terroristas”, quando a Polícia Civil do DF prendeu um empresário paraense dono das bananas de dinamite prontas para explodir um caminhão tanque de combustível no Aeroporto de Brasília. Ele era um dos acampados diante do Comando do Exército.

Agora, sobre o julgamento dos golpistas pela 1ª Turma do STF, Anselmo Góis levantou a bola de Flávio Dino. “Ele arquitetou seu voto com anotações feitas à mão e fez a alegria da esquerda ao dizer, por exemplo, que há alguns militares golpistas que “são mais apaixonados por suas armas do que por seus cônjuges”.

Para Góis as recentes intervenções de Flávio Dino no julgamento dos golpistas fizeram subir sua cotação como eventual nome da esquerda para disputar a Presidência em 2026, em alguns nichos políticos. No entanto, não ignora que a bola está com Lula, mesmo com 81 anos em 2026.

Se não concorrer, ponderou o jornalista, “Lula pode optar por uma pessoa mais próxima e do PT, como o ministro Fernando Haddad, que concorreu à Presidência em 2018. Além disso, Dino pode ficar mais 19 anos no STF e se aposentar em 2044”. Dino, porém, tem um histórico de militante petista como líder estudantil na Ufma.

E vale lembrar que recentemente, em fala ao Estadão, o marqueteiro Pablo Nobel, da campanha de Tarcísio de Freitas em 2022, e de Javier Milei, na Argentina, também apontou Flávio Dino como o melhor nome da esquerda para 2026: “Ele é articulado, ágil no debate e forte nas redes, e a passagem pelos Três Poderes também pesa a favor”. De fato, é inegável o seu protagonismo em Brasília. Como ministro da Justiça, Dino fez a festa da esquerda e se fez algoz da direita bolsonarista, quando participava de debates na Câmara.

Este ano, ele virou o xerife do STF ao bloquear bilhões de Reais em emendas parlamentares, aplicados a bel-prazer de deputados e senadores sem qualquer critério de transparência e rastreabilidade. Provocou até crise entre o STF e o Congresso por causa disso, mas se impôs e levou a melhor.

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