20 de maio de 2025
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Icônico, Sarney é história viva do Brasil aos 95 anos

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Perto de completar 95 anos (24 de abril), o ex-presidente da República, jornalista, escritor e acadêmico José Sarney foi o entrevistado do programa Canal Livre, da Band (domingo 30), quando afirmou que o Brasil sofre com o ‘desaparecimento’ de líderes políticos no cenário atual.

Ao abordar vários temas da atualidade brasileira, principalmente a data dos 40 anos de redemocratização do Brasil sobre seu somando, Sarney destacou que os políticos estão olhando muito para os interesses pessoais e no orçamento, referindo-se à montanha de dinheiro público das emendas parlamentares,impostas pelos congressistas para aplicação de grande parte sem transparência e controle algum.

Em 2006, José Sarney foi entrevista pelo jornal Valor Econômico quando tratou sobre as circunstâncias em que assumiu a Presidência da República em 15 de março de 1985. Na época da entrevista, Sarney era presidente do Senado não fugiu às perguntas: “O senhor assumiu o governo do Maranhão em 1965, tirando uma oligarquia que lá estava havia 20 anos.

O governador era Newton Bello, mas quem mandava era Vitorino Freire. Bello renunciou quatro dias antes de sua posse para não passar o governo…” Sarney, de forma lacônica, preferiu não esticar esse tema e saiu pela tangente: “Isso é um destino meu”.

A jornalista Claudia Safatleinsistiu com Sarney: “Em 1985, o ex-presidente João Figueiredo [último general da ditadura de 1964], saiu pela porta dos fundos do Palácio do Planalto para não lhe passar a faixa. O senhor se considera um predestinado? Sarney: “Não tenho essa visão de predestinação. Apenas cumpri uma carreira política na qual acho que pesaram algumas qualidades, alguns defeitos e algumas oportunidades.

A política é o destino, já dizia Napoleão”. O ex-presidente abordou a sua relação com Castello Branco desde quando era secretário do governo Eugênio Barros, em 1951, Castello era da 10ª Região Militar, gostava de literatura e vinha ao Maranhão fazer conferência na Academia Maranhense de Letras sobre a Batalha de Guararapes.

Perguntado sobre onde estava no dia 31 de março de 1964, quando estourou o golpe militar que domingo passado, 31, completou 61 anos e chegou ao fim exatamente há 40 anos, com Sarney assumindo o Poder com a morte de Tancredo Neves, ele respondeu o seguinte:

“Em Brasília. Não sabíamos o que estava acontecendo. As notícias eram desencontradas. Não tinha nenhuma ligação nem eu estava envolvido com a revolução. Mas era amigo do Magalhães Pinto (governador de Minas Gerais na ocasião), quando soube das notícias liguei para ele e fiquei sabendo então que as tropas já tinham sido deslocadas. Mas em Brasília, a classe política estava alijada. O centro das decisões era fora daqui [Brasília]”.

Essa entrevista de Sarney, mesmo tendo ocorrida há 19 anos, entretanto, está atual por três razões: 1) Hoje, aos 95 anos, ele travou um debate atual na Band, domingo passado; 2) por discutir o golpe militar de 1964, abordando detalhes que só ele conhece graças ao “arquivo memorial” que carrega consigo; e 3) em razão dos 40 anos do fim do mesmo regime ditatorial, tendo o próprio Sarney como protagonista dos fatos que até hoje, no entanto, deixam ameaças no ar e têm desdobramentos, como o filme “ainda estou Aqui”, que deu ao Brasil o primeiro Oscar na categoria de Estrangeiro. Sem dúvida, Sarney cresceu, viveu e continua participando da história do país e esbanjando conhecimentos e lucidez.

A jornalista do Valor lembrou-lhe que o ex-deputado Renato Archer, um dos ministro de Sarney, dizia que o ex-presidente não cassou ninguém, mas teria pedido a Castelo Branco que cassasse Newton Bello, ao que Sarney respondeu: “O próprio senador Vitorino Freire no livro “Na Toca da Raposa” diz que foi ele que, tendo brigado com o Newton Belo, pediu sua cassação ao movimento revolucionário. Eu nunca me dirigi ao Newton Belo”.

Já no Canal Livre, Sarney contrastou a realidade de hoje com o período em que atuou politicamente e completou dizendo que o Brasil precisa de lideranças com perspectivas diferentes e pautas sociais. “Faltam líderes com visão programática que deixem os interesses individuais e pensem mais nos outros”, arrematou.

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