20 de maio de 2025
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Pré-campanha mistura fé da Páscoa com voto

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Um dito popular, carregado de sabedoria, ensina: “Passarinho que acorda cedo bebe água limpa.” Essa lição elementar da vida rural parece estar no auge da vigência entre os pré-candidatos ao governo do Maranhão em 2026. Neste ano pré-eleitoral, todos eles já se desdobram, gastando a sola do sapato, percorrendo os municípios, fazendo poses com eleitores para alimentar as redes sociais e investindo energia em abraços e mais abraços.

Os três que já medem forças nos grotões do eleitorado maranhense são: Eduardo Braide, prefeito de São Luís; o vice-governador Felipe Camarão; e o médico Lahesio Bonfim, ex-prefeito de São Pedro dos Crentes e candidato ao governo estadual em 2022.

Nesta semana, período repleto de celebrações na religião cristã e de manifestações artísticas que mantêm viva a memória da paixão e ressurreição de Jesus Cristo, os políticos aproveitam para distribuir comida aos eleitores. Centenas de toneladas de peixe e milhares de cestas básicas chegam à mesa do eleitorado como donativos para matar a fome e alegrar a alma cristã de quem vota.

Felipe Camarão hoje é mais visto no interior, debatendo questões maranhenses com aliados, entidades associativas e o povão — movimento também adotado pelo representante do Partido Novo, normalmente acompanhado do deputado Wellington do Curso.

Por sua vez, Eduardo Braide (PSD), que vem liderando com certa folga as pesquisas sobre a disputa ao governo, ainda não assume a candidatura, mas também não a descarta em hipótese alguma. Apesar de ter sido lançado como pré-candidato a governador pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, até agora Braide não arrisca antecipar a decisão política mais importante de sua carreira.

Mas nem é necessário consultar as cartas de tarô para saber que, na intimidade, ele está cheio de vontade de deixar o Palácio La Ravardière em abril de 2026 para encarar a corrida ao Palácio dos Leões. Braide é um raro tipo de político sem grupo, porém com forte aderência junto ao eleitor.

No meio desse tríduo político em movimento está a questão principal que levará ao Palácio dos Leões o sucessor do governador Carlos Brandão (PSB). Braide não lidera um grupo partidário consolidado, mas tem a liderança nas pesquisas — uma condição irrefreável para atrair apoiadores.

Principalmente em um estado em que o bolsonarismo de direita se encontra fragmentado, por falta de um líder de abrangência estadual capaz de enfrentar o poder de fogo emanado do Palácio dos Leões.

Afinal, no Maranhão, só em 2014 o governismo mudou de lado, com Flávio Dino — e com ele ficou até 2022. Depois, assumiu o governismo, inclusive no âmbito nacional, onde o presidente Lula sempre venceu todas as eleições desde a era sarneísta até a dinista. Em 2022, Bolsonaro venceu em Imperatriz, mas Lula deu o troco em Milagre do Maranhão com o placar de 3.644 a 614 votos.

Na outra ponta da pré-campanha, Felipe Camarão vai abrindo espaço para mostrar a Brandão seu potencial político para sucedê-lo. Na última pesquisa do Instituto Quaest/Grupo Mirante, o vice-governador aparece em segundo lugar, com 19%, atrás de Eduardo Braide (33%) e à frente de Lahesio (17%). Esse resultado também serviu para animar Carlos Brandão, que vinha ensaiando preterir Camarão e lançar outro pré-candidato, cogitando, inclusive, o nome do sobrinho Orleans Brandão como sua preferência.

Seja como for, todos estão aproveitando o feriadão prolongado da Semana Santa para se juntar aos eleitores, distribuindo pescado — ou até jejuando —, usando a fé para espantar os maus espíritos.

Num cenário totalmente indefinido sobre a disputa presidencial de 2026, o Maranhão segue buscando se encaixar num processo eleitoral nada parecido com a batalha que se trava entre esquerda, direita e centro. Brandão passa ao largo do esquerdismo, assim como Felipe Camarão (PT) e Eduardo Braide (PSD).

Todos se posicionam ao centro — até mesmo Lahesio Bonfim, que se tornou “direitista” por conveniência, para navegar no difuso universo bolsonarista, carente de liderança expressiva no Estado. Resultado: os pré-candidatos a governador e a senador se misturam no mesmo ambiente eleitoral, mas bem longe do fundamentalismo ideológico entre lulistas e bolsonaristas.

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