2 de novembro de 2025
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Ano eleitoral de 2026 já desfigura a cara do Brasil

Por Raomundo Borges

O Imparcial – Se algum artista plástico resolvesse aventurar-se em retratar a cara do Brasil político de 2026, certamente optaria pelo estilo surrealista, em que se misturam sensações de alegria, tristeza, incerteza, segurança e insegurança, com traços oníricos e ilógicos.

Assim como não há candidaturas definidas nos partidos de esquerda, de centro ou de direita em âmbito nacional, no Maranhão o cenário é dominado por uma névoa de incertezas sobre a corrida ao Palácio dos Leões. No último dia 27/10, o presidente Lula (PT) afirmou na Malásia que errou ao dizer, na Indonésia, que estava definido em disputar o quarto mandato ao Planalto em 2026. Significa, portanto, que sua candidatura ainda é incerta e indefinida.

Em meio ao ambiente de tensão carioca da guerra ao Comando Vermelho — com 121 cadáveres ainda sendo periciados, entre eles quatro policiais civis e militares —, a cúpula da direita correu para abraçar e apoiar o governador bolsonarista Cláudio Castro (PL), criticado mundo afora pela matança.

Ideologicamente identificados com o mandatário carioca, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (UB-GO), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Riedel (PP-MS) e a vice Celina Leal (PP-DF) foram ao Rio para criar o “Consórcio da Paz”, reunião com cara de palanque pré-eleitoral de 2026. Dos sete chefes de Estado, pelo menos quatro são pré-candidatos ao Planalto.

Afinal, a engrenagem do crime organizado está presente em todas as 27 unidades federadas do Brasil, em alguns países, e não apenas nos sete estados do “Consórcio da Paz” — um projeto de integração para trocar informações de inteligência, prestar apoio financeiro e de contingente policial no combate ao crime organizado.

Difundiu-se ali a tese terceirizada do governo Trump de que a “guerra às drogas” é a mesma “guerra ao terror” — na qual o “narcoterrorismo” ganha amplitude mundial, com a recolonização estadunidense ao redor de seu quintal. Caiado chegou a soltar a antiguíssima frase do século IV: “Se queres a paz, faze a guerra”. É a síntese da “teoria do porrete”, adotada por Franklin Roosevelt e atualizada por Trump.

No Maranhão, o vale-tudo de 2026 começou cedo. Porém, até agora, a única certeza sobre candidatura ao Palácio dos Leões é a do emedebista Orleans Brandão, sobrinho do governador Carlos Brandão, que, por sua vez, decidiu não concorrer ao Senado nem passar o cargo ao vice petista Felipe Camarão. Mas ele segue em pré-campanha, dizendo-se candidato.

Na última quinta-feira, 30, o ministro do STF Luiz Fux cancelou o destaque que retirou do plenário virtual e levou para o presencial o julgamento da ação do Solidariedade contra o resultado da eleição na presidência da Alema, vencida por Iracema Vale, pelo critério de maior idade, no empate de 21 x 21 contra o deputado Othelino Neto.

Como a votação no virtual estava 8 x 0 a favor de Iracema, é impossível imaginar que haja mudança quando o julgamento voltar ao mesmo sistema eletrônico, em 14/11. Iracema Vale demonstra enorme habilidade tanto para lidar com a relação institucional entre os demais Poderes quanto nas articulações internas da Casa e nos municípios.

Portanto, o julgamento do STF deve mantê-la no biênio 2025/2027 e fortalecer o grupo liderado por Carlos Brandão, na engrenagem do qual a deputada tem largo espaço de influência. Ela aparece até como peça a ser considerada na montagem das eleições majoritárias de 2026, embora sem qualquer sinalização de sua parte nessa direção.

As eleições já são mensuradas por inúmeras pesquisas que pulam da lógica sobre intenção de voto para o ambiente confrontado entre pré-candidatos a todos os mandatos em disputa no próximo pleito. As redes sociais, por seu lado, nunca se prestaram tanto à matéria da desinformação política. Mesmo assim, nenhum pré-candidato arrisca subestimar o impacto dessa forma de comunicação digital em seus projetos eleitorais.

Enquanto o palanque saiu da rua para fazer sucesso na tela do celular, os políticos acabam embaraçados no contexto da captação de voto pelo meio virtual — principalmente quando a Inteligência Artificial surge com mais poder de desinformar do que de apontar o verdadeiro caminho das urnas.

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