19 de setembro de 2024
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Cadeirada em Marçal vira fenômeno de vendas até na Havan do bolsonarista Hang

DCM – A marca de camisetas Vista Rap, especializada em roupas de música e cultura pop, lançou recentemente um produto inusitado: uma camiseta com a imagem da cadeirada dada pelo candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena, no adversário do PRTB, Pablo Marçal.

O incidente ocorreu na noite de domingo (15), durante um debate promovido pela TV Cultura. Embora fotos políticas não sejam o foco da marca, eles decidiram arriscar. O resultado? A camiseta se tornou o item mais vendido da empresa nos últimos tempos, um exemplo de marketing ultraveloz. Já foram vendidas centenas de unidades, mas os números finais ainda não foram divulgados.

Divulgação da loja Vista Rap. Foto: reprodução

Nas redes sociais e em sites, estrategistas de marketing destacam essa como uma onda de criatividade e oportunidade. Além disso, o episódio gerou centenas de memes, com possíveis impactos na campanha eleitoral.

“O ato da cadeirada, além de expor uma crise na democracia brasileira e em nosso sistema eleitoral, fez com que empresas tentassem capitalizar em cima disso ao vender camisetas e outros produtos. Vejo esse fenômeno como uma espécie de normalização do absurdo, ou até mesmo uma mercantilização da violência. E o pano de fundo de tudo isso é a configuração atual do capitalismo, um sistema que coloniza tudo o que é visível e encontra brechas para monetizar tudo o que existe, demonstrando uma astuta capacidade de se adaptar aos tempos, independentemente das condições ao seu redor”, afirma Marcos Hiller, sócio-fundador da The Hiller & Branding e doutorando em comunicação e práticas de consumo.

A Nossa Casa Criativa, uma malharia de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, está vendendo em sites especializados uma camiseta com a cena da cadeirada por R$ 99,99, onde os personagens, Datena e Marçal, aparecem caricaturados no estilo dos Simpsons.

Ilustração da cadeirada inspirada em “Os Simpsons”. Foto: reprodução

A primeira tiragem experimental de 50 camisetas esgotou rapidamente, e novas unidades estão sendo produzidas. Outra camiseta, com a frase “Faz o C” – uma piada com o “Faz o M”, de Marçal –, que traz o desenho de uma cadeira, está sendo vendida por R$ 37,95. Como o post é recente, ainda não há dados sobre as vendas.

Empresas como Duolingo, Magalu e Cerveja Rio Carioca rapidamente aproveitaram a oportunidade para engajar com o público. O Duolingo, aplicativo de ensino de idiomas, passou a publicar nas redes sociais diferentes formas de dizer a palavra “cadeira” em diversos idiomas, acumulando mais de 50 mil curtidas no Instagram. Até a Havan, marca associada ao bolsonarismo devido ao seu proprietário, Luciano Hang, entrou na brincadeira, vendendo réplicas da banqueta mais famosa do Brasil.

Um vídeo no Instagram simula a cena entre dois vendedores, que depois caem na risada. “Vem aqui agora, é você mesmo!”, brinca um deles. “Na Havan você encontra banquetas de vários tamanhos e cores para sua casa”, finaliza o anúncio. A Cerveja Rio Carioca fez uma brincadeira com um post sobre a harmonização de sua cerveja com “caldeirada”, um prato tradicional português à base de peixe e mariscos. O Magazine Luiza também aproveitou a onda, anunciando: “Tem cadeira pra sentar e ficar de boa no Magalu”, o que já gerou mais de 5 mil comentários.

Empresas de marketing de diversos setores, como a plataforma digital para padarias EPadoca e a JotaGui, do influenciador digital João Guilherme, estão oferecendo estratégias de marketing e produção de posts associando suas marcas à “cadeirada”. “Surfar a onda da cadeirada como estratégia de marketing revela muito sobre os valores da marca e do produtor de conteúdo. É uma excelente estratégia”, explica João Guilherme.

“Se você quer aproveitar para potencializar os resultados da sua padaria, essa é a hora!”, publicou um executivo da EPadoca, que criou a campanha “Cadeiradas do Empreendedor”, onde, na imagem do conflito, foram adicionados balões, como nos quadrinhos. “Quando você acha que vai descansar, e o cliente liga com uma emergência”, diz um dos exemplos.

Um anunciante no Mercado Livre decidiu colocar à venda uma cadeira que supostamente seria a usada por Datena para agredir Pablo Marçal. Brincadeira ou farsa, o anúncio está lá. “Cadeira que o Datena bateu no Pablo Marçal”, diz o título do produto. A pessoa está pedindo R$ 3 mil pela suposta cadeira, e o anúncio, mesmo visivelmente falso, viralizou nas redes sociais. Como era de se esperar, ainda não há lances.

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