27 de julho de 2024
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João Alberto quer encerrar sua carreira na Câmara de Bacabal

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Beirando os 90 anos e uma carreira política marcada por episódios únicos na história do Maranhão, o ex-governador João Alberto de Souza, 89 anos, está pronto para disputar um mandato de vereador pela cidade de Bacabal.

Ele nasceu em São Vicente de Férrer porque sua mãe, que morava em Bacabal, preferiu ir ao encontro da parteira que conhecia na Baixada Maranhense. Mas se considera bacabalense. Desde 1975 quando foi eleito deputado estadual pela Arena, João Alberto traçou uma trajetória em que passou pela Câmara dos Deputados (dois mandatos), vice-governador, governador, senador duas vezes e prefeito de Bacabal – sempre por partidos governistas, como Arena, PDS, PFL e PMDB.

Político sarneísta-raiz, João Alberto e o Edison Lobão foram os únicos que traçaram a carreira política com os mesmos mandatos, mas sem nunca passar por inconformismo a ponte de romper com o ex-presidente José Sarney.

No começo do período da ditadura militar, João Alberto chegou a ser confundido pelo SIN, com um “comunista”, por adquirir uma rádio pirata em Bacabal e falar o que dava na telha para as redondezas. Por essa geringonça vinda da Alemanha para os padres se comunicarem com os índios, Ele foi preso no 24º Batalhão de Caçadores, como um agente da KGB, infiltrado nos movimentos sociais rurais.

No mandato na Câmara, ele votou, em 1983, na Emenda Dante de Oliveira, pelas eleições diretas para presidente, que foi derrotada, surgindo, então a campanha das diretas já. Em 1986 foi eleito vice-governador de Epitácio Cafeteira, já com Sarney na Presidência da República.

Na ocasião, João Alberto enfrentou uma grande controvérsia, ao ser eleito prefeito de Bacabal em 1988, sem renunciar a vide-governadoria. Pensou que bastava pedir licença do mandato estadual. Não deu certo e ele teve que renunciar à prefeitura em 1989. Em 1990, Cafeteira se desincompatibilizou para disputar o Senado e Alberto assumiu o governo.

Porém, a confusão não havia acabado. A Assembleia Legislativa destitui Alberto do cargo e deu posse ao seu presidente Ivar Saldanha como governador. Acuado em meio à conflagração e o caos instalado, João Alberto cercou o Palácio dos Leões com Polícia Militar, ordenando o uso de força letal contra invasores, enquanto permaneceu no gabinete armado com um revólver à espera do confronto que não houve.

Ao mesmo tempo, ele buscou e obteve uma liminar do Tribunal de Justiça do Maranhão, que encerrou a encrenca. Como governador, pôs em ação a chamada “Operação Tigre”, em que procedeu uma “limpeza” da bandidagem na região de Imperatriz. Porém, ele sempre negou tê-la ordenado.

Em 1992, Alberto perdeu,  no 2º turno, a eleição de prefeito de São Luís, para a deputada Conceição Andrade, apoiada por Jackson Lago. No PMDB desde a década de 1980, João Alberto ficou no cargo de presidente regional até 2022, passando-o a Roseana Sarney, hoje deputada federal. Em 2023, ela entregou a legenda a Marcus Brandão, irmão do atual governador Carlos Brandão.

Mas João Alberto, porém, é presidente de honra e todo dia dá expediente no MDB. Agora, é candidato a vereador de Bacabal, em parceria com o deputado estadual Roberto Costa, até agora favorito disparado à prefeitura. “Quero encerrar a carreira política, prestando serviço à minha cidade”, disse João Alberto.

PÍLULAS POLÍTICAS

Pensando alto

Mais um nome da direita bolsonarista pensa em se dar bem com a imagem do ex-capitão, nas eleições de 2026 no Maranhão. O ex-senador Roberto Rocha sofreu uma surra de urna para Flávio Dino em 2022 e agora estaria se preparando para disputar o governo.

Pensando alto (2)

Naquela eleição, Rocha tentou se reeleger senador, mas não passou de  37% dos votos, contra 62% de Flávio Dino, que ultrapassou os dois milhões de votos. Em 2018, na corrida ao Palácio dos Leões, Roberto Rocha esbarrou nos 2% dos votos.

Maioridade eleitoral (1)

Com o eleitorado que ultrapassou os 200 mil votantes, abrindo possibilidade de 2º turno na disputa da prefeitura, Imperatriz vive mergulhada num nuvem de dúvidas num processo renovado pelos números e que promete redobradas surpresas.

Maioridade eleitoral (2)

Imperatriz conta com os pré-candidatos Josivaldo JP, Rildo Amaral, Marco Aurélio e Mariana Carvalho – todos de partidos da base aliada do governador Carlos Brandão (PSB), ou de ligação com o seu secretário da Casa Civil, Sebastião Madeira (PSDB).

Fazendo história (1)

O desembargador José Froz Sobrinho fez história no discurso de posse na presidência do TJMA citando o poeta e cantor Belchior, que marcou a geração do Bar do Mosca, dizendo não estar “interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais. Que nossa alucinação é suportar o dia a dia. E o nosso delírio é a experiência com coisas reais. Que amar e mudar as coisas nos interessa mais”.

Fazendo história (2)

Além de citar uma plêiade de poetas populares, compositores, artistas plásticos e poucos políticos e juristas, como José Sarney e Flávio Dino e declamar Ferreira Gullar, Froz Sobrinho lembrou das desigualdades socais e homenageou o bairro da Liberdade, maior quilombo urbano da América Latina, que ele o habitou por longos anos na juventude baixadense pobre. João Alberto ouviu, atento, a fala e comentou, na plateia: “Discurso de esquerdista!”.

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