4 de outubro de 2024
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Maranhão como um modelo sem figurino

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Os partidos políticos e suas lideranças no Maranhão estão se aproximando da pré-campanha municipal de outubro, montando o cenário eleitoral dentro de uma construção inacabada. Vai ser uma disputa política com o governo Carlos Brandão de um lado e o aglomerado do outro.

A esquerda “comunista” de Flávio Dino se desfigurou, o sarneísmo acabou há 10 anos, o PDT que elegeu o maior número de prefeitos e vereadores há quatro anos, virou um cinto sem fivela e a extrema direita está desgrudada do bolsonarismo. A deputada Mical Damasceno toma conta da corrente evangélica; seu colega Yglésio Moyses, ainda no PSB, não é reconhecido como tal; e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Bonfim, sumiu.

Em 2022, Flávio Dino se reposicionou politicamente, já como filiado ao PSB e participou da construção da aliança nacional com o PT. Enquanto Luiz Inácio Lula da Silva atraiu o tucano Geraldo Alckmin, do PSDB para o PSB e tornou-o vice de sua chapa, no Maranhão Flávio Dino lançou o ex-tucano Carlos Brandão, então vice-governador, candidato à sua sucessão.

Para completar a construção, ingressou o então secretário de Educação, Felipe Camarão no PT e o fez se tornar vice de Brandão. Com o PDT na oposição, a engrenagem política do Maranhão deixou de ser partidária para se restabelecer no velho regime grupista.

O Brasil dividido na polarização esquerda lulista e extrema direita bolsonarista faz o Maranhão sem Dino transitar pelo centro, com Brandão dando a voz de comando. Ele é alinhado com o governo Lula, traz ministros para compartilhar ações estaduais, joga no municipalismo sem partido, tem  maioria esmagadora na Assembleia Legislativa, é apoiado pelo empresariado e não conhece opositor que lhe traga dor de cabeça.

A partir da saída de Flávio Dino do jogo político para se tornar ministro do STF, Brandão vai fazer das eleições de outubro próximo, o alicerce da sua construção própria, que nada terá com o legado dinista.

O Maranhão está sem direita e sem esquerda demarcando espaços. O que existe é o trator de Brandão agindo fortemente onde quer que haja terreno político sem dono e que a máquina do poder possa se fazer a diferença. O PDT pode ocupar o espaço de oposição, mas sem vocação para tal e nenhum nome de peso eleitoral nos grandes municípios.

O PT do presidente Lula é um caso a ser estudado no segundo Estado que lhe deu mais votos em 2022. Só elegeu em 2020, Luís da Amovelar, em Coroatá e este ano se duvidar não indicará nem o vice de Duarte Júnior (PSB), candidato de Brandão à prefeitura de São Luís, contra o titular do mandato, Eduardo Braide (PSD).

Assim, nesse espectro político do nem, nem, nem é que o eleitorado maranhense vai às urnas em 6 de outubro eleger seus mandatários municipais. Nem esquerda “comunista”, nem direita bolsonarista, nem centro sarneísta.

Será a mistura de um pouco de tudo isso, com Brandão procurando fincar as estruturas do brandonismo num terreno salpicado de incertezas sobre outros ismos, como lulismo, evangelismo e clientelismo. O petismo se deu bem no Nordeste, com governadores no vizinhos Piauí (Wellington Dias e Rafael Tajra); no Ceará (Camilo Santa e Elmano Freitas), mas no Maranhão, se brincar, nem o sucessor de Luís da Amovelar.

PÍLULAS POLÍTICAS

Força total

Deputado federal Márcio Honaiser e vereador Raimundo Penha estão dando aquela força ao pré-candidato do PDT à prefeitura de São Luís, o ex-emedebista Fábio Câmara. Já o senador Weverton Rocha até agora não fez qualquer movimento na mesma direção.

Esperando o quê?

Nem os números da pesquisa Econométrica/O Imparcial, divulgada neste final de semana, em que aparece com 70% das intenções de voto para prefeito de Bacabal, animar o deputado Roberto Costa a arregaçar as mangas. Ele nunca assumiu a candidatura municipal.

Provocação? (1)

No embate com o presidente Lula por causa da matança de 31 mil pessoas em Gaza, o presidente de Israel Benjamin Netanyahu está usando seu poder dentro e fora do país para mostrar força. Ele está levando comitivas de convidados para visitar Israel. 

Provocação? (2)

Além de Jornalistas de imprensa brasileira, influencers, empresários, parlamentares, ministros do STF e do STJ e o governador Tarcísio de Freitas foram convidados de Netanyahu  para ver o lado da guerra com o Hamas, que completou 5 meses no último dia 7.

Ruído na comunicação (1)

O maior problema do presidente Lula nas eleições deste ano é fazer com que as melhorias nos números do crescimento do PIB, de 2,9% em 2023, no emprego e em outros setores da economia cheguem à sala e à cozinha dos brasileiros.

Ruido na comunicação (2)

As ferramentas de comunicação do governo Lula estão falhando, enquanto a massificação de noticias falsas pelo bolsonarismo não só mantém o país dividido como nas eleições de 2022, como surtem efeito reverso até na fala dele sobre a mortandade em Gaza.

“Governo Bolsonaro teve fim melancólico; tínhamos de admitir a derrota”
Do ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão, hoje senador do Republicanos.

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