6 de novembro de 2024
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Bolsonaro usará Musk em ato no Rio confirmando articulação internacional feita pelo filho

Revista Fórum – Decisões sigilosas de Moraes sobre os bloqueios de perfis nas redes vão ser usadas com ataques de Musk para inflamar extremistas em Copacabana. Relatório foi divulgado pelo trumpista Jim Jordan, próximo a Eduardo Bolsonaro.

A adesão de Elon Musk aos ataques a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a divulgação de decisões sigilosas sobre o bloqueio de contas de bolsonaristas na rede X pelo trumpista Jim Jordan na Câmara dos EUA serão usados por Jair Bolsonaro (PL) para incendiar apoiadores radicais no ato marcado para o próximo domingo (21) em Copacabana, no Rio.

Em seu discurso, Bolsonaro vai expor a articulação internacional feita pelo filho “03”, Eduardo Bolsonaro (PL), que esteve com congressistas republicanos e com Donald Trump. Mais recentemente, o deputado esteve no Parlamento europeu, onde se encontrou com eurodeputados da ultradireita – inclusive nazistas – e propagou a tese vitimista de que o clã é alvo de perseguição da “ditadura do judiciário”.

Em meio aos encontros de Eduardo Bolsonaro com a internacional fascista, Elon Musk iniciou os ataques a Moraes usando os chamados “Twitter Files Brazil”, um conjunto de documentos da rede X com denúncias vazias, usadas pelos bolsonaristas para sustentar a narrativa. Os tuites de Musk incendiaram os grupos bolsonaristas radicais.

Às vésperas do ato, a divulgação, nesta quarta-feira (18) das decisões sigilosas de Moraes para o bloqueio de cerca de 150 perfis na rede durante as eleições de 2022 aumentou a fervura nos grupos bolsonaristas, que já falam até em “suicídio” do ministro do STF e de Lula.

O relatório, intitulado “O ataque à liberdade de expressão no exterior e o silêncio da administração Biden: o caso do Brasil”, foi divulgado pelo Comitê de Assuntos Jurídicos da Câmara dos Estados Unidos

A comissão é presidida pelo republicano Jim Jordan, um apoiador fervoroso do ex-presidente Donald Trump e considerado um expoente da extrema direita norte-americana. Jordan e Eduardo Bolsonaro nutrem relações ao menos desde 2021, quando se encontrou no evento da CPAC, entidade ultraconservadora que dá sustentação a Trump nos EUA e chegou ao Brasil por iniciativa do filho de Bolsonaro.

Antes da divulgação dos documentos, Eduardo Bolsonaro teve, ao menos, 82 encontros presenciais com líderes da extrema-direita dos EUA, segundo levantamento da Agência Pública.

Ato inflamado

A articulação com a internacional fascista será usada por Bolsonaro como gasolina nos já inflamados apoiadores no ato do Rio de Janeiro.

O ex-presidente, no entanto, deve novamente terceirizar os ataques a Alexandre de Moraes e ao STF para parlamentares extremistas e figuras, como o Pastor Silas Malafaia, como fez no evento em São Paulo. O ex-presidente teme que ataques diretos ao ministro, a quem já chamou de canalha, faça com que ele seja preso preventivamente, diante do avanço das investigações.

Após inflamar os apoiadores, Bolsonaro vai usar a narrativa para se desvincular da minuta golpista, principal prova de seu envolvimento direto na tentativa de golpe, que desencadeou nos atos de 8 de janeiro.

Bolsonaro vai replicar o discurso de blogueiros e influenciadores, já propagado nas redes, que a minuta do golpe é “a maior fake news da história”, equiparando a articulação golpista com uma suposta consulta feita por Dilma Rousseff (PT) aos militares sobre a decretação de Estado de Sítio em 2016.

“Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência”, disse o ex-presidente no ato de fevereiro na Avenida Paulista.

Bolsonaro deve aumentar a fervura e criticar a linha de investigação da PF, além de reforçar a narrativa de “perseguição”, se vitimizando pelas investigações que o colocam no centro da organização criminosa que tentou um golpe de Estado após a derrota para Lula.

A derrota, aliás, não será admitida. O ex-presidente pretende usar os documentos divulgados por Musk e trumpistas para comprovar que Lula foi favorecido no processo eleitoral e voltar a levantar dúvidas sobre o sistema de votação no Brasil.

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