Imperatriz supera os 200 mil eleitores e pode ter 2º turno
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Cortada ao meio pelo Rio Tocantins e pela BR Belém-Brasília, a cidade de Imperatriz acaba de ganhar a segunda maioridade política perante a Justiça Eleitoral, ao se tornar o primeiro município do Maranhão, fora da capital, com direito a eleição de segundo turno em outubro deste ano.
Com mais de 200 mil eleitores contabilizados neste último fim de semana pela Justiça Eleitoral local, Imperatriz já faz história como principal centro econômico do interior maranhense, distante 629 km de São Luís. A indústria Suzano, de alta tecnologia, é exemplo do avança da região, outrora centro de conflitos agrários no campo, a partir da BR-010 (Belém-Brasília), inaugurada em 1960, no governo Juscelino Kubistchek.
Desde aquela rodovia, Imperatriz tornou-se uma região de violentos conflitos pela posse das terras férteis de produção de arroz, com mais de 60 indústrias de beneficiamento do cereal. Em seguida ocorreu o ciclo da integração de baianos, pernambucanos, mineiros e paulistas interessados em ganhar dinheiro, ocupando e grilando as terras devolutas da União, nas duas margens da BR-010 (100 km de cada lado).
A forte exploração madeireira fez surgir mais de 500 indústrias do setor na região, transformando em pastagens, as florestas devastadas e fazendo surgir inúmeros outros povoados interligados a Imperatriz.
Hoje, Imperatriz ganha relevância na área de educação, com 10 faculdades públicas e privadas, e uma população que não para de crescer e diversificar a economia para todos os segmentos empresariais.
Não sem motivo, a cidade fundada em 1852 e emancipada em 1924, por pouco não se tornou capital do Estado Maranhão do Sul, projeto que fez muito barulho na região e no Congresso Nacional, mas esbarrou na regra de uma PEC do deputado César Bandeira (PFL) que deu um nó na criação de estado e de município em todo o país. Só é possível desmembrar, mediante plebiscito envolvendo a população tanto da região a ser emancipada, quanto do restante do ente federativo atingido.
Em termos comparativos, Imperatriz está no mesmo patamar da cidade de Palmas, capital do Tocantins, por coincidência, estado ligado ao Maranhão pela Ponte D. Affonso Gregory.
Pelo censo demográfico de 2022, Palmas contava com 302.692 habitantes e 198.215 eleitores (pode atingir a marca de 200 mil até a próxima semana) e ganhar o direito de eleger seu prefeito em dois turnos, se nenhum candidato obter mais de 50% dos votos no dia 6 de outubro. Antes mesmo da criação do Tocantins, o Sul do Maranhão já estava na luta emancipacionista do lado de cá do Rio Tocantins, com o lema “Dividir para Melhor Governar”.
A divisão do Maranhão em dois estados tinha como argumento principal o desenvolvimento de uma região muito distante da capital com a qual não tem qualquer relação e era muito pobre. O então senador Edison Lobão ainda a provou uma PEC divisionista em 2007, como presidente da CCJ.
Já em 2021, o senador Siqueira Campus, autor da emancipação do Tocantins, de Goiás, também propôs um projeto do Maranhão do Sul, subscrito pelo Weverton Rocha e a senadora Eliziane Gama. Mas a ideia não vingou, porque a tentativa de criar o Estado de Carajás, foi sepultada no plebiscito, por mais de 80% do eleitorado geral do Pará.
O estranho nessa história é que em 1994, a Assembleia Legislativa retalhou o mapa geográfico do Maranhão e criou 81 municípios, dos quais, cinco, ironicamente, saídos de Imperatriz: Davinópolis, Cidelândia, Vila Nova dos Martírios, São Pedro de Água Branca e São Francisco do Brejão.
Se não fosse isso, há muitos anos Imperatriz já estaria realizando eleição municipal em dois turnos, pois os cinco municípios somam mais de 30 mil votos. Nesse caso, os interesses que divergiram na criação do Maranhão do Sul, para o qual Bandeira perderia cinco redutos eleitorais, se abraçaram na criação de 81 currais eleitorais, a maioria locais habitados pelas populações mais pobres. Infelizmente.