MST perde 10 mil toneladas de arroz em plantações no RS
DCM – As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul causaram impactos significativos na produção de arroz orgânico do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), uma das principais vertentes da sua política agroecológica. Estima-se que as perdas possam chegar a até 10 mil toneladas de arroz, o que representa aproximadamente metade da colheita total da safra anterior, que alcançou 16 mil toneladas, enquanto anos anteriores registraram um rendimento de 20 mil toneladas.
A situação é especialmente grave nos oito assentamentos localizados na região metropolitana de Porto Alegre, onde sete deles tiveram 100% da sua produção afetada pela enchente. Ainda se aguarda o recuo das águas para avaliar o que poderá ser resgatado da colheita não realizada e para mensurar os danos nos equipamentos e nas instalações. Em três desses assentamentos, todas as residências dos assentados foram impactadas.
Para a safra seguinte, a expectativa era colher 280 mil sacas de arroz orgânico, sendo 150 mil apenas na região metropolitana de Porto Alegre. Diante dessas adversidades climáticas recorrentes, o MST tem buscado diversificar suas áreas de produção, intensificando o cultivo do arroz orgânico em estados como Maranhão, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No entanto, essa transição ainda não alcançou a mesma escala obtida no Sul.
É importante ressaltar que mais de 4.000 hectares da produção de arroz orgânico estão distribuídos nos assentamentos do MST, conforme dados do Irga (Instituto Riograndense do Arroz), órgão vinculado ao Governo do Rio Grande do Sul. Isso contrasta com os menos de 1.000 hectares pertencentes aos demais produtores do estado, que detêm a maior parte da produção de arroz do país, concentrando 70% dela.
Além dos prejuízos na produção de arroz, as chuvas também afetaram as hortas dos sem-terra e representam uma ameaça para os produtores de leite ligados ao MST. Esses desafios evidenciam a vulnerabilidade enfrentada pelos agricultores familiares diante das mudanças climáticas e destacam a necessidade de políticas de apoio e de adaptação para garantir a resiliência dessas comunidades rurais.