16 de setembro de 2024
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Coligação que une PL e PT em São Luís abre crise entre Bolsonaro e Valdemar

Por Raimundo Borges

O Imparcial – As convenções municipais encerradas no último dia 5 (2ª feira) deixaram um astro de desavenças nas cúpulas partidárias em razão dos acordos e coligações, capazes de provocar até “hematomas” na cabeça do eleitor. A mais “bizarra” dessas alianças, no dizer do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi a realizada em São Luís.

O PL, presidido no Maranhão pelo deputado federal Josimar do Maranhãozinho, se juntou à aliança que sustenta a candidatura de Duarte Júnior, do PSB, com 12 partidos, incluindo o PT, que indicou a advogada Isabelle Passinho como vice-prefeita. Tudo sob a coordenação do governador Carlos Brandão e do irmão Marcus Brandão, presidente do MDB regional.

A coligação política liderada por Duarte Júnior confirma uma teoria da física, chamada “Lei de Coulomb”que trata da atração energética de dois corpos opostos. Pode ser aplicada também entre indivíduos que exibem diferenças significativas em sua maneira de ser, de pensar e de agir.

Exemplo dessa situação acabou atraindo o PL de Jair Bolsonaro para perto do PT de Lula, assim como o MDB se une à mesma coligação ao PCdoB, que o destronou da política do Maranhão, dez anos atrás. Dessa forma, uma pessoa extrovertida pode sentir atração por alguém totalmente mais reservado. Portanto, de nada valeu a ira de Bolsonaro contra a “bizarrice” de São Luís, porque quem manda no PL é Maranhãozinho e Valdemar Costa Neto, presidente nacional dos liberais.

De fato, as convenções do PL para as eleições municipais deste ano expuseram flagrantes divergências locais em várias cidades. Já deixam dúvidas até sobre as previsão de Bolsonaro de eleger ao menos mil prefeitos no país e se tornar o maior partido, a exemplo do que ocorre na Câmara dos Deputados.

Em um cenário turbulento, viraram alvo de desgaste previsível na campanha em que Valdemar Costa Neto e Bolsonaro estarão em lados opostos, bem como os palanques em municípios nos quais o partido estará com aliados de esquerda, contrariando orientação nacional e a velha postura de demonizar tudo que não é direita.

Em São Luís, a improvável união do PL com a federação PT-PCdoB-PV foi oficializada na convenção, considerado inadmissível por bolsonaristas. Como é sabido, Maranhãozinho, que controla dezenas de prefeituras em suas bases eleitorais nunca se opôs nem ao governo Flávio Dino, no auge das desavenças com Bolsonaro, nem ao atual Carlos Brandão, do PSB.

Muito pelo contrário, o deputado do PL, que elegeu a esposa Detinha a mais bem votada em 2022 para a Câmara, é um aliado do governo. Em São Luís, fechou as portas do PL para o deputado estadual Yglésio Moises se filiar e ser candidato a prefeito. Para seguir seu projeto, Yglésio, um neobolsonarista confesso, foi parar no PRTB.

Logicamente que a composição partidária com o PL de São Luís foi articulada por vários personagens, inclusive Carlos Brandão, mas à revelia de Valdemar Costa Neto. Há menos de duas semanas ele baixou uma resolução interna,proibindo dobradinhas do PL com o PT.Porém, a crise não se resume a São Luís.

Na Grande São Paulo, o presidente nacional do PL, articulou um acordo com o prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB), mas sem o apoio da base na extrema direita, que pende cada vez mais para Pablo Marçal (PRTB).Jair Bolsonaro não apoia o coach evangélico, mais seus seguidores mais ferrenhos já vêm abandonando o barco do emedebista Nunes.

Bolsonaro é a maior liderança do PL e da direita brasileira, mas quem manda no Partido é Valdemar Costa Neto, que o empregou juntamente com a ex-primeira dama Michelle, com robustos salários que somam mais de R$ 80 mil mensais. Mesmo assim o ex-presidente tem travado um duelo com a cúpula burocrática do Partido, inclusive por ter encomendado uma pesquisa de intenções de votos sobre a disputa presidencial, com a nome de Michelle e não o dele.

Nessa guerra, o ex-presidente tenta fortalecer e preservar as bandeiras do bolsonarismo.Em outras cidades, Bolsonaro e Valdemar divergem, como em Guarulhos e São Bernardo do Campos. Porém, depois das eleições, a estação das malquerenças tende a desaparecer.

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