25 de março de 2025
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Morre jornalista Cid Moreira aos 97 anos

Diário do Nordeste – Informação da morte foi confirmada durante programação da TV Globo na manhã desta quinta-feira (3).

O jornalista Cid Moreira faleceu aos 97 anos na manhã desta quinta-feira (3). A informação foi anunciada pela TV Globo durante a manhã, mas a causa da morte não foi confirmada até o momento.

Segundo a emissora, o locutor e apresentador estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, local onde estava tratando um quadro de pneumonia.

VIDA E CARREIRA NA TELEVISÃO

Cid Moreira se tornou um dos rostos mais icônicos da televisão brasileira, além de ser também a voz de um dos quadros mais famosos do ‘Fantástico’, com o mágico Mister M. Fora da TV, produziu conteúdos difundidos em todo o Brasil, como foi o caso dos áudios narrados de salmos bíblicos. 

O apresentador nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba, em 1927, completando 97 anos na última sexta-feira (27). A carreira no rádio iniciou-se em 1944, após o jornalista ser descoberto por um amigo na Rádio Difusora de Taubaté. 

As primeiras experiências na televisão foram entre 1951 e 1956, quando apresentou comerciais ao vivo em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio.

Segundo o Memória Globo, Cid Moreira foi o primeiro apresentador do Jornal Nacional, bancada em que esteve cerca de 8 mil vezes.

Cid Moreira estreou como locutor de noticiários em 1964, no ‘Jornal de Vanguarda’, da TV Rio. Nos anos seguintes, também trabalhou nas emissoras Tupi, Globo, Excelsior e Continental. O retorno para a Globo, inclusive, aconteceu em 1969 no ‘Jornal da Globo’. 

Ainda em 1969, ele estreou o ‘Jornal Nacional’, que foi oprimeiro telejornal transmitido em rede no Brasil. De início, a bancada foi dividida com Hilton Gomes, mas dois anos depois a parceria com Sérgio Chapelin foi iniciada. 

SALMOS E PASSAGENS BÍBLICAS

Além do trabalho na televisão, Cid Moreira fez questão de se dedicar à locução de passagens bíblicas. Em 2011, o apresentador gravou a Bíblia na íntegra em uma série de áudio books, responsáveis por mais de 60 milhões de exemplares vendidos. 

Em 2017, em entrevista ao portal UOL, ele afirmou não sentir saudade de apresentar um telejornal e ressaltou a importância do trabalho religioso na vida e na carreira. 

“Não tenho saudade nenhuma porque hoje, na altura dos meus 90 anos, eu vivo uma fase que considero mais gloriosa: eu invisto em mim levando a palavra de Deus sempre que eu posso”, afirmou ele, citando o trabalho como uma “missão de vida”.

O melhor momento de Cid Moreira: quando leu a resposta de Brizola no Jornal Nacional

Ex-locutor de rádio que foi alçado à posição de apresentador do maior telejornal do Brasil e ser pago para falar, não pensar, seu momento mais emblemático ocorreu ao ler um direito de resposta de Leonel Brizola contra seu empregador, em 15 de março de 1994.

Após mais de dois anos de batalhas judiciais, o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, obteve na Justiça o direito de resposta de três minutos no Jornal Nacional, da TV Globo, no qual havia sido duramente atacado e chamado de senil.

A leitura do texto de Brizola por Cid Moreira tornou-se um momento marcante na garantia dos direitos individuais frente ao poder dos meios de comunicação privados, especialmente da TV Globo.

Mais de dois anos antes, em 6 de fevereiro de 1992, o Jornal Nacional antecipara trechos do editorial “Para entender a fúria de Brizola”, que seria publicado no dia seguinte pelo jornal “O Globo”. O editorial continha ataques sujos ao governador, que havia solicitado ao prefeito da cidade, Marcello Alencar, que suspendesse a exclusividade da TV Globo para a transmissão dos desfiles do Carnaval carioca.

O texto do direito de resposta foi redigido em 1992, com submissão prévia à Justiça, e não poderia conter qualquer compensação de injúria, ou seja, tudo o que constasse nele deveria ser verdadeiro.

Cid Moreira leu, visivelmente constrangido, o texto no qual Brizola fez duras críticas à emissora. O jornalista Nelson de Sá escreveu na época, na Folha de S.Paulo, o seguinte comentário sobre o episódio: “Cid Moreira, a voz do dono, a voz do Grande Irmão, a voz que surgiu do AI-5, voltou-se contra si mesmo. Foi um daqueles momentos simbólicos, um instante da história. Cid Moreira falou, e falou, e falou contra Roberto Marinho. Foram três longos minutos, contra a Globo, no ‘Jornal Nacional’. O redator era Leonel Brizola, que obteve direito de resposta ao ataque que havia recebido do mesmo ‘Jornal Nacional’, que o chamou de senil”.

Trechos da resposta de Leonel Brizola lida por Cid Moreira no Jornal Nacional:

• “Tudo na Globo é tendencioso e manipulado.”
• “Não reconheço na Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura que por 20 anos dominou o nosso país.”
• “Quando ela (a emissora) diz que denuncia os maus administradores deveria dizer, sim, que ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante de seu poder.”

Veja:

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