Brandão e Orleans escondem jogo sobre a eleição de 2026
Por Raimundo Borges
O Imparcial – No momento em que se aproxima mais do ex-presidente José Sarney, o governador Carlos Brandão abriu o jogo neste último final de semana, sobre a sua relação com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, de quem foi vice por dois mandatos no Palácio dos Leões.
Aos jornalistas Bernardo Mello e Luíza Marzullo, do jornal O Globo, Brandão foi direto ao ponto: “Acho que, depois de governar, é preciso esquecer que foi governador. Quando tem muita interferência, começa a ter problema. Estamos politicamente afastados, mas não rompidos”. Na mesma entrevista, ele chama de “passageira” a queda na provação do presidente Lula no Nordeste e defende mais diálogo do governo federal com o agronegócio e com os evangélicos.
Ao ser indagado sobre o fato de haver sido eleito com Flávio Dino em 2014 e 2018 contra a família Sarney, de quem se aproximou muito, Brandão explicou que realmente concorreram em 2014 contra Lobão Filho e em 2018 contra Roseana Sarney, porém em 2022, ele se aproximou do gruo de José Sarney, de quem está hoje muito próximo. Dino também fez o mesmo.
De tão próximo do governador, Roseana entregou, em 2023, ao seu irmão Marcus Brandão, o MDB estadual que presidia. Em razão dessa mudança, já se falou até em Roseana vir a ser nomeada secretária de Brandão e abrir vaga na Câmara ao suplente Ildo Rocha. Brandão poderia trocar o PSB pelo MDB, do irmão, um influente empresário do agronegócio em Colinas, terra natal da família.
Depois de abordar vários temas, como a queda na popularidade do presidente Lula no Nordeste e o PSB continuar apoiando-o, caso não mantenha Geraldo Alkmin como vice em 2026, Brandão lembrou que o seu partido ainda não tomou nenhuma decisão a respeito e que ele (Brandão) está alinhado com Lula.
Acha que 2025 será decisivo para o governo federal tirar as obras do papel e agir, citando o caso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para melhorar a avaliação do governo. No Maranhão, o governador disse que quase sete mil unidades do Minha Casa Minha Vida estavam paradas.
A última pergunta da entrevista foi: “O seu plano para 2026 é o Senado?” Brandão respondeu, mais uma vez, com meias palavras. Embora reconheça que a busca por uma vaga no Senado é o caminho natural de governador, mas isso é algo que só vai discutir em 2026. “Por mais que eu queira, preciso saber como pensam os 13 partidos da minha base. Se antecipar a discussão, as pessoas ficam focadas na política e não enxergam suas entregas”, analisou.
Embora seja uma resposta evasiva, Brandão deixa claro que, nem decidiu se fica no governo até o fim do mandato e apoiar o sobrinho Orleans Brandão, nem se vai concorrer ao Senado Federal, o que obriga-lhe deixar o cargo para o vice Felipe Camarão em abril de 2026.
Aliás, Orleans Brandão também falou no fim da semana sobre sua eventual candidatura ao governo do Maranhão. Ao blogueiro Carlinhos, em Trizidela do Vale, ele desconversou sobre esse projeto ousado e arriscado para uma estreia na política. Apontou, de forma vaga, que seu rumo em 2026 é um mandato na Câmara dos Deputados.
No entanto, acrescentou que o “técnico” do jogo sucessório na próxima eleição é o governador Carlos Brandão, de quem é secretário de Assuntos Municipalistas. Nessa função, Orleans tem dado conta do recado, percorrendo o interior do Maranhão, levando a bandeira do municipalismo, adotada desde o início pelo tio governador.
Sendo ou não sendo candidato ao Senado, Brandão está no centro do jogo da sucessão estadual, apoiado pelo sarneísmo e um leque de 13 partidos. Logo, é compreensível ele não ter pressa para definir a posição final para as eleições daqui a 18 meses.
Ele não está rompido com Flávio Dino, mas não esconde ressentimentos sobre a postura de seus seguidores na Assembleia Legislativa e da posição do ministro que suspendeu a nomeação do advogado Flávio Costa para o Tribunal de Contas do Estado, o mesmo causídico que, em novembro de 2023, teve vetada a indicação em lista tríplice, pelo 5º Constitucional da OAB-MA, para desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão. Desde então, a corte encontra-se funcionando com uma cadeira vazia no seu plenário. Um caso raro e esquisito.