Fusão e federação desmancham a estrutura de 4 partidos no MA
Por Raimundo Borges
O Imparcial – A cúpula nacional do PSDB, presidido no Maranhão pelo secretário da Casa Civil do governo Carlos Brandão, médico Sebastião Madeira, aprovou por unanimidade, terça-feira, 29, a fusão com o Podemos, dois partidos de centro-direita que tentam se fortalecer para as disputas eleitorais de 2026 em todo o país.
Por coincidência, no mesmo dia, foi realizado em Brasília, o ato de lançamento da Federação chamada de “União Progressista”, em que se juntam PP-PL-UB-MDB e Republicanos. Estavam presentes os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), o seu antecessor Arthur Lira, e o vice-presidente do União Brasil, ACM Neto.

Essa reorganização de forças políticas ocorre num momento em que a direita e a extrema-direita, misturadas no Centrão, vivem ameaçando desembarcar do governo Lula. No ato da Federação estavam presentes os ministros do governo petista Celso Sabino (Turismo), do União, e André Fufuca (Esportes), do PP, e os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e de Roraima, Antônio Denarium (PP), além do presidente do PL bolsonarista, Valdemar da Costa Neto, e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Talvez toda essa engrenagem à sua volta tenha impedido que o presidente Lula demitisse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), pasta que comanda o INSS, centro do escândalo sobre descontos indevidos do dinheiro dos aposentados e pensionistas.
Ao contrário dos partidos do Centrão que integram o governo, mas cuja grande parte dos senadores e deputados sempre vota dividida nas matérias complicadas que interessam ao Planalto, o PDT de Lupi tem 17 deputados e três senadores, com os quais o governo conta com lealdade semiplena.
Agora, caso não haja desfiliação nos dois partidos fundidos, a nova legenda nascerá com uma bancada robusta de 30 deputados, sete senadores e um fundo partidário de R$ 90 milhões, passando a ocupar a quinta posição, superando PSD, MDB e Republicanos. Se o governo Lula já vive no afogadilho com o Centrão, agora mesmo é que o arrocho pode piorar.
Se a federação “União Progressista” sacode os comandos de forças no Congresso e até na Esplanada, com 109 deputados federais e 33 senadores, o Maranhão não pode ficar distante do seu impacto político-eleitoral.
As duas legendas contam com os deputados federais Pedro Lucas Fernandes (UB), líder da bancada do União na Câmara; Juscelino Filho (UB), Amanda Gentil (PP) e Allan Garcez (PP); o ministro do Esporte, André Fufuca, que é deputado federal pelo PP; e cinco deputados estaduais: Neto Evangelista (UB); Arnaldo Melo, Catulé Jr., Júnior França e Hemetério Weba, todos do PP, além de 46 prefeitos.
No Maranhão, esses dois movimentos partidários no âmbito nacional têm tudo a ver com a sucessão do governador Carlos Brandão (PSB) e o preenchimento das duas vagas de senador de 2026, ocupadas hoje por Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD).
Na fusão, os partidos são extintos e surge uma nova sigla. Em 2022, o DEM e o PSL se uniram e surgiu a União Brasil que, agora, junto com o PP, virou União Progressista. A legislação determina que as direções dos dois partidos objetos da fusão elaborem um novo estatuto e programas comuns. A direção da nova legenda será resultante de uma eleição. O grupo eleito é que fará o registro do novo partido no TSE.
Já a Federação pode ser feita por duas ou mais legendas, a exemplo do PT-PV-PCdoB, efetivada em 2022. Tem a duração de no mínimo quatro anos e vale para todas as eleições – de presidente da República a prefeito municipal. A norma prevê que, para eleições proporcionais, as cadeiras serão distribuídas a partir dos votos de todos os partidos que integram a federação.
Sobre eles são aplicados os quocientes eleitoral e partidário. Seja como for, o quadro das próximas eleições será completamente diferente das últimas gerais de 2022. No Maranhão, a situação fica ainda mais indefinida, com o surgimento da candidatura de Eduardo Braide, entrando na corrida do Palácio dos Leões.