17 de junho de 2025
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Este século 21 é todinho das mulheres. Te cuida!

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Foi-se o tempo em que a presença das mulheres na vida social e política do Maranhão era quase nula. No meio empresarial, por exemplo, as mulheres mais conhecidas atuavam em pequenos restaurantes, chamados “Base”: a Base da Lenoca, a Base da Diquinha, a Base da Maroca, ou ainda pelo sobrenome que identificava alguns pistoleiros, como Dico de Lourença, de São João Batista.

No esporte, Betinha Alves era a estrela do basquete maranhense, mesmo com a estatura de “baixinha”. Helena Leite quebrou o “protocolo” de radialista esportiva da década de 1970 em diante. Na literatura, ainda no século 19, foi a vez de Maria Firmina dos Reis, filha de ex-escrava. Na cultura popular, registre-se Dona Lili Marques, “ama” do Bumba-Meu-Boi de Morros. No jornalismo social, Maria Inês Saboya e Flor de Lis Félix fizeram escola.

São pequenas lembranças aleatórias que ilustram um passado de poucas mulheres protagonizando a vida maranhense — muito menos ainda no Executivo, Legislativo e Judiciário. A primeira juíza de direito foi Judite Pacheco; a primeira prefeita interina de São Luís foi Lia Varela, e a eleita, Gardênia Ribeiro Gonçalves (1985). Só em 2002, o Tribunal de Justiça do Maranhão elegeu a desembargadora Etelvina Ribeiro Gonçalves como sua primeira presidente — quando já se passavam 199 anos de sua criação. Roseana Sarney foi a primeira governadora do Maranhão e também do Brasil por eleição direta, em 1994, passando então a ser recordista com quatro mandatos no Palácio dos Leões.

O Poder Legislativo estadual gastou 188 anos de história para eleger a deputada Iracema Vale (PSB) sua primeira presidente. Um tabu histórico que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal ainda não conseguiram romper com um comando feminino. O plenário da Alema conta hoje com a inédita bancada de 12 deputadas. Só para se ter uma ideia: na Constituinte Maranhense de 1989, havia apenas a deputada Conceição Andrade, ex-prefeita de São Luís. Agora, Iracema Vale, que trava uma batalha no STF para garantir sua reeleição à presidência da Assembleia Legislativa, acaba de realizar o Primeiro Encontro de Mulheres Legisladoras do Maranhão, coordenado pela Procuradora da Mulher, Viviana Silva (PDT).

Infelizmente, num mundo em que já se fala até em colonizar a Lua, e países disputam a predominância das altas tecnologias, com a Inteligência Artificial presente na vida das pessoas em vários aspectos, as Mulheres Legisladoras ainda precisam debater o combate à violência dos homens contra elas. Parece que, quanto mais a civilização avança cientificamente, mais o egoísmo, a incultura e a boçalidade masculina ganham musculatura para violentar o sexo oposto. E eles se impõem em todas as faixas sociais e níveis educacionais.

Por isso, é preciso, sim, que as legisladoras — ou mulheres de qualquer atividade — assumam o papel de defesa de sua dignidade, em todos os espaços políticos e sociais. Sem recuos e sem temer intimidações.

As mulheres, com garra e determinação, avançaram em todos os caminhos que levam ao sucesso e ao protagonismo. Mesmo assim, a bandidagem de muitos homens se faz presente no cotidiano da relação homem-mulher. Portanto, esse tipo de encontro de mulheres merece sempre ser aplaudido. A política é uma ciência humana que só perde significado nas ditaduras. No Brasil e no mundo, elas estão avançando em todas as áreas. A maranhense Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, acaba de ser homenageada com o título de Doutora Honoris Causa. O Maranhão, pela primeira vez, tem duas mulheres no Senado: Eliziane Gama e Ana Paula Lobato, que se recusam a fazer parte do baixo clero.

As mudanças do papel da mulher na sociedade machista acompanham as evoluções econômicas, científicas e sociais desde os chamados Trinta Anos Gloriosos, cujas ondas de choque, descarregadas pelos movimentos de 1968, só têm avançado. Contudo, é preciso lembrar que, no resto do mundo, o modelo patriarcal e social ainda é uma norma medieval bem ancorada, privando a mulher de acesso aos estudos, ao trabalho e, dessa maneira, à emancipação.

Porém, no Maranhão, até no agronegócio, centenas delas estão à frente da agricultura e da pecuária, mostrando do que são capazes. Na política, não é diferente. Se preparem, pois, que este século 21 é delas!

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