27 de julho de 2024
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A multidão de invisíveis nas favelas ao redor de São Luís

Por Raimundo Borges 

O Imparcial – A campanha eleitoral de prefeito e vereador vai começar no segundo semestre deste ano, mas em São Luís e nos demais 216 municípios do Maranhão a população já sente a efervescência dentro dos partidos e nas redes sociais sobre esse tema tão fascinante para cada cidadão. Mas a exemplo das eleições anteriores, o assunto moradia nos bairros favelados e palafitados que formam o cinturão de miséria ao redor da capital do Maranhão ainda é tabu.

Nem parece que, pelas suas dimensões, são esses núcleos habitacionais que decidem as eleições, mesmo sem jamais sair da invisibilidade nos programas de governo.

No ranking das 20 maiores favelas do Brasil, elaborado pelo IBGE em 2023, São Luís participa com duas: a região do Coroadinho, com são 18.331 residências e 52.069 habitantes, em 8º lugar, e a Cidade Olímpica, com 10 mil moradias, em 20º lugar. Como as favelas de São Luís brotam da união da pobreza absoluta por moradia, elas são ignoradas pelas prioridades de qualquer governante.

Sociologicamente, a favela é um assentamento urbano informal, densamente povoado por moradias precárias, onde a miséria reina absoluta com toda a sua dimensão e seus extremados níveis de necessidades.

Para se ter ideia do tamanho dessa tragédia social das favelas, São Luís ainda conta com dezenas de áreas falafitadas nas margens do Rio Anil, algumas disputando o espaço insalubre com os manguezais. Mas desde o primeiro mandato do prefeito Jackson Lago, no começo da década de 1990 até hoje, nenhum gestor público fez algo significativo para erradicar as palafitas de São Luís.

Jackson transferiu todos os moradores palafitados do leito da Lagoa da Jansen para o bairro Ilhinha, hoje com inúmeros melhoramentos urbanos, que tornam o bairro bem melhor para seus moradores.

Quem conhece os quatro municípios da Ilha Upaon-Açu, se deparam com inúmeros bairros resultantes de invasões clandestinas que acabam se consolidando sem as mínimas condições de moradia, sem escolas, posto de saúde, transporte, saneamento básico ou limpeza pública.

Muito mais da metade da população de São Luís e de seus vizinhos da Grande Ilha vive fora dos planos governamentais, passando décadas e décadas na condição de “invisíveis”. Como mais uma campanha se aproxima, está na hora de os políticos visitarem essas localidades, não para comprar voto, mas para colher subsídios que sirva a essa multidão de ignorados.

Ao tomar posse esta semana na presidência do Tribunal de Justiça do Maranhão, o desembargador José de Ribamar Froz Sobrinho chamou a atenção pelo discurso histórico em ocasião solene naquela corte. Além de citar inúmeros artistas populares da música e da arte maranhense, ilustrou sua fala com o pensamento do poeta e cantor Belchior, que marcou a geração do Bar do Mosca.

Ele nos ensinou a não estar interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais. Que nossa alucinação é suportar o dia a dia. E o nosso delírio é a experiência com coisas reais. Após declamar Ferreira Gullar, Froz Sobrinho lembrou do bairro Liberdade, o maior quilombo urbano da América Latina, em que nele habitou na juventude pobre, mas estudiosa. Foi momento de uma grandeza extrema. Demais.

PÍLULAS POLÍTICAS 

Curralzão

O PL, liderado no Maranhão pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, já bateu o martelo em Zé Doca: A sobrinha dele, Flavinha Cunha é candidata à prefeitura, para suceder a prefeita Josinha Cunha, irmã de Maranhãozinho. Porteira fechada da “fazenda” familiar.

Raiz das crises (1)

As crise que explodem entre o Congresso Nacional e o governo Lula têm tudo a ver com o pagamento dos bilhões de reais das emendas parlamentares. É uma dinheirama tamanha que fica difícil até saber onde é aplicada nos municípios beneficiados.

Raiz das crises (2)

Apesar dos inúmeros processos resultantes de corrupção com essa montanha de dinheiro público não se tem conhecimento de alguém que tenha perdido o mandato ou sendo obrigado a devolver o que desviou em benefício de seu patrimônio particular.

Quem diria

A OAB-MA está fazendo história pelo avesso. Há dois anos tenta emplacar um advogado como desembargador do TJMA e não consegue porque a política contaminou o processo de escolha mediante a lista sêxtupla para chegar à vaga do quinto constitucional.

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