Os dez anos que o comunismo chegou ao MA por Flávio Dino
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Em outubro próximo completará 10 anos em que o Maranhão viveu sua maior reviravolta política desde quando a democracia passou a existir no Brasil. Nem quando o jovem deputado José Sarney derrotou o esquema vitorinista de 20 anos e passou construir o sarneísmo, a mudança foi tão significativa.
Em 2014 Flávio Dino, sem mandato algum, colocou o Maranhão na história brasileira como o primeiro e único estado a eleger um governador pelo Partido Comunista o Brasil (PCdoB), o mais antigo do país, fundado em 1961, de uma profunda dissidência ideológica do PCB, por sua vez, fundado em 1922.
Com uma história de comandos oligárquicos na política, o Maranhão passou a ser visto como um caso fora da curva e o seu governador virou estrela máxima do “comunismo” tupiniquim do Brasil, sendo alvo preferencial da direita de plantão, principalmente, de seu líder maior Jair Bolsonaro.
Internamente, apenas os saudosistas ou prejudicados politicamente com o novo formato ideológico, cuidaram de tentar carimbar Flávio Dino de “arrogante”, “comunista” e outros predicativos. No entanto, ele foi reeleito em 2018, sempre no 1º turno, com o vice Carlos Brandão, um tucano sem nenhum traço ou histórico de esquerdista.
O governador impôs um modelo de gestão compartilhada com um aglomerado de partidos de todas as matizes ideológicas, mas com ele mantendo o controle de tudo. Deu protagonismo ao vice Brandão e, depois se aproximou do ex-presidente José Sarney, de quem virou amigo direto tanto na Academia Maranhense de Letras quanto fora.
Em 2022, Dino liderou a disputa majoritária, tornando-se o senador com maior votação da história do Estado e pôs Carlos Brandão no Palácio dos Leões no 1º turno, com toda a má vontade do então presidente Jair Bolsonaro em relação ao Maranhão e à figura do “comunista” Dino.
Nas eleições municipais de 2016, com dois anos no governo, o PCdoB elegeu 43 prefeitos e o PSDB do vice Carlos Brandão, 29 chefe municipais. Já o PMDB dos Sarney, Lobão e Murad, não passou de 21 prefeitos, reflexo da perda do comando político do Maranhão. É assim que gira roda da política. Seus fundamentos de sucesso estão interligados.
A estratégia política é muito mais do que apenas um conjunto de táticas irreais. Precisa de conexão num processo meticuloso de analises e compreensão dos cenários histórico e atuais. É a arte de construir e comunicar uma visão convincente, mobilizar apoiadores, conquistar eleitores e mostrar com clareza seus planos no exercício do mandato.
As eleições de outubro vão ser realizadas sem a presença de Flávio Dino. Daí porque, Carlos Brandão está atuando fortemente para ampliar o latifúndio que herdou de Dino, hoje bem acomodado sob a peso da toga do STF. Brandão tem o vice Felipe Camarão, do PT do presidente Lula que, nesta sexta-feira estará em São Luís.
Ao invés do PSDB de 2016, Brandão hoje é filiado ao PSB, um partido de ideologia socialista, ao qual ele junta o peso eleitoral da deputada Iracema Vale, primeira mulher a presidir a Assembleia Legislativa e campeã de votos em 2022, em sua primeira eleição estadual. Portanto, nunca é tarde lembrar a máxima do político Líster Caldas: “Quem viver verá” o que sairá das urnas de 2024, 10 anos depois do “comunismo” fora da curva, de Dino.
PÍLULAS POLÍTICAS
Sarney merece (1)
O ex-presidente José Sarney foi alvo de uma homenagem a altura de sua importância, pela Assembleia Legislativa do Maranhão. Teve exposição de sua vasta obra literária e depois a sessão solene onde recebeu da Medalha Manuel Beckman.
Sarney merece (2)
Aos 94 anos, ainda fazendo literatura e participando informalmente, de atividades políticas, José Sarney foi saudado pelo autor do projeto de concessão da medalha, deputado Roberto Costa (PMDB), assim como recepcionado pela presidente Iracema Vale (PSB).
Sarney merece (3)
José Sarney, filho de Pinheiro, é uma figura de importância tão vasta e necessária para a história do Brasil, como são os campos inundáveis da Baixada para a preservação ambiental do bioma pantanal do Maranhão. É pura fonte inspiração.
No caminho errado (1)
Apesar dos esforços legais e sociais para erradicar o trabalho infantil no Brasil, esta situação continua a ser um problema recorrente. O IBGE catalogou que no Maranhão ainda conta com 5% das crianças entre cinco e 17 anos em algum tipo de trabalho infantil.
No caminho errado (2)
O total corresponde aproximadamente 85 mil pessoas.Existe, infelizmente, uma nefasta “cultura” social no Brasil de que o trabalho infantil é o caminho para a formação do caráter do futuro adulto. Mas esse caminho do sucesso é o da escola, jamais o do trabalho.