11 de outubro de 2024
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Três famílias embaralham jogo municipal de Caxias

Por Raimundo Borges 

O ImparcialCom 167 mil habitantes, cortada no centro pelo Rio Itapecuru e a Estrada de Ferro São Luís-Teresina, Caxias, no leste maranhense, conhecido por região dos cocais, berço mais consagrado da poesia e literatura do Maranhão, virou um caldeirão política, simbolicamente movido a lenha de coco babaçu.

As três famílias tradicionais que, por décadas, se revezam no poder local, instalado no Palácio da Cidade, colocaram três descendentes jovens na disputa do 5º maior reduto eleitoral do Estado. Os sobrenomes Marinho, Coutinho e Gentil querem mostrar quem é quem na eleição de 6 de outubro.

O ex-prefeito e empresário Paulo Marinho quer provar que desta vez, o filho Paulinho Junior (PL), ex-vice-prefeito e atual suplente de deputado federal vai com tudo rumo à prefeitura. Numa cartada articulada pelo prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho, marido da deputada Claudia Coutinho, lançou a filha, Thais como vice de Marinho Jr. Para isso, o esposo dela, Daniel Barros desistiu de concorrer à prefeitura para tentar a reeleição na Câmara de Vereadores.

Era o sinal que em política nada é para durar, assim como também nada é para sempre, quando está em jogo a busca do poder. Os Coutinho e os Marinho têm um histórico de opositores ranzinzas quando estiveram no poder.

O mais duro foi a resposta a essa inusitada composição caxiense. Ao ver o cunhado Ferdinando alinhado com Paulo Marinho, a matriarca da família Coutinho, médica e ex-deputada estadual Cleide Coutinho, viúva do ex-prefeito Humberto Coutinho, rapidamente se aproximou do atual prefeito Fábio Gentil (Republicanos) e topou ser vice de Gentil Neto, do PSB, o sobrinho que Fábio quer torná-lo sucessor.

Há quem veja transitando na sombra dessas articulações caxienses, a figura de Carlos Brandão, interessado na 5ª maior cidade do Maranhão, que carrega imensa importância histórica e política, como “Princesa do Sertão”.  

Basta lembrar que Caxias é tema obrigatório nas pesquisas sobre literatura do passado e do presente. Na visão do poeta Wybson Carvalho, da ACL, a cidade produziu uma plêiade de escritores que estão no panteon nacional, como expressões máximas da literatura e das artes.

Como exemplo, ele cita Gonçalves Dias, Coelho Neto, Teófilo Dias, Vespasiano Ramos, Raimundo Teixeira Mendes, César Marques e muitos outros de uma constelação que brilha desde meados do século XIX. Gonçalves Dias e Teófilo Dias são titulares de cadeiras na Academia Brasileira de Letras. Na atualidade, a produção é incalculável.

Foi por Caxias que Flávio Dino, logo após abandonar a toga de juiz federal em 2006, começou a ingressar na política, apoiado pelo então prefeito Huberto Coutinho (PDT). Agora, 18 anos depois, o governador Carlos Brandão encontra-se no comando político do Maranhão, atuando fortemente nos principais municípios.

Em Caxias, ele agiu para colocar Cleide Coutinho na chapa de Gentil Neto, enquanto engrena a candidatura da Lycia Waquim (PSDB) no centro dessa engenharia política, da disputa da prefeitura. Ela era secretária de Fábio Gentil e saiu para concorrer à contra Gentil Neto, sobrinho do ex-chefe, e ganhou a Secretaria de Articulação Política do Estado, na região do Cocais.  Como se pode ver. Caxias, de fato, é muito mais do que isso.

PÍLULAS POLÍTICAS 

Extrema coincidência (1)

O Maranhão reduziu significativamente a pobreza extrema nos últimos três anos, mas em compensação, os demais estados do Nordeste também conseguiram derrubar esse indicador. No período, a região obteve maior desempenho de todo o Brasil. Mas o caminho é esse.

Extrema coincidência (2)

Ao indicar o vice-governador Felipe Camarão para coordenar a campanha do deputado federal Duarte Júnior à prefeitura de São Luís, o governador Carlos Brandão o desligou da Secretaria de Educação, cargo que ocupava desde o início do governo Flávio Dino.

Exclusivo (1)

Camarão vai ter dedicação exclusiva à campanha de Duarte, enquanto a Secretária Extraordinária de Gestão de Recursos Federais, Jandira Dias acumula o cargo com a de interina na Educação. A turma do PT, de Felipe, vê a mudança com olhar de galinha para cuia de sal.

Exclusivo (2)

Mas Brandão na postagem nas redes sociais em que anuncia a substituição de Felipe, fala de “licenciamento” acordado entre os dois, e finaliza com um bordão:“Unidade e Parceria”. Será indicação de que, após a campanha, Camarão voltará à Seeduc?

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