11 de outubro de 2024
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Enredo da novela pastelão chamada Eleição de 2024

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Não foi só a pandemia da covid19 que fez até o Congresso aprovar a PEC 107, que adiou a eleição municipal de 2020, de 4 de novembro, para 15 do mesmo mês. No Maranhão, o então governador Flávio Dino argumentou que não era “coronel” nem ditador para interferir nas disputas municipais, deixando que cada partido cuidasse das refregas locais.

Apenas no segundo turno da capital São Luís, Dino se dispôs a arregaçar as mangas para apoiar o então deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos) contra o deputado federal Eduardo Braide, que saiu para o segundo turno com 37,8% dos votos e Duarte, 22,1%.

A grande diferença das eleições de 2020 para as deste ano está no enredo, nos personagens centrais e o papel de cada um entre um pleito e outro pleito. Em 2020, Flávio Dino não se jogou de corpo inteiro nas disputas municipais, mas ajudou o PCdoB a colocou ao menos 22 “comunistas” nas prefeituras, um fato inédito no Maranhão e no Brasil.

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Carlos Brandão atua fortemente para eleger o maior número de prefeitos pelo PSB

Foi superado pelo PDT do senador Weverton Rocha, 42, o PL de Josemar de Maranhãozinho e o Republicanos do deputado federal Aluísio Mendes. Agora, daqueles protagonistas de 2020, alguns assumem papeis de maior relevância e outros nem tanto. Flávio Dino saiu de cena e Carlos Brandão, no PSB, passu a protagonizar o jogo político estadual.

Ao contrário de Flávio Dino em 2020, Carlos Brandão em 2024 atua fortemente para eleger o maior número de prefeitos pelo PSB. No jogo, ele é o dono da bola – ataca, defende e ainda age como o árbitro.

Na capital São Luís, escalou o vice-governador Felipe Camarão (PT) para comandar a campanha de Duarte Júnior, contra o (hoje) favorito Eduardo Braide (PSD) que, caso vença a disputa com folga, pode já sair do pleito pensando em demarcar o espaço de pré-candidato a governador em 2026 – o que resultaria num duelo direto dele contra Camarão, emparelhado com Brandão na disputa de uma vaga no Senado Federal.

O vice-governador Felipe Camarão foi escalado por Brandão para comandar a campanha de Duarte Júnior

A eleição de São Luís tem um enredo próprio, bem diferente do que ocorre no interior, onde muitas oligarquias familiares locais ainda desafiam e até vencem as transformações políticas trazidas pela tecnologias digitais.

As eleições de quatro anos atrás que ocorreram sob o manto da mortandade pela covid19, fez parte da população sair do confinamento sanitário embalada pela ideologia negacionista da extrema direita, que hoje assombra o mundo. Como se fosse resultado de uma sequela de característica política, o Brasil chegou às eleições de 2022 afetado pelo extremismo arrogante, violento e rancoroso, ancorado nas plataformas digitais que ofereceram espaço até para tentativa de golpe de estado.

Portanto, as eleições de 2024 deverão brotar um novo perfil político da sociedade brasileira. Os jovens estão sendo arrastados para dentro do processo político pelas mídias digitais e não mais pelo palanque eleitoral, nem pelas campanhas do estilo antigo.

Como não é fácil mudar a cabeça do eleitorado acima de 30 anos, os políticos espertalhões aproveitam as facilidades de chegar às gerações das redes sociais, para demonizar a política, distorcer a democracia e criar a imagem do salvador da pátria. Bolsonaro virou “mito” e na Argentina, o ultradireitista Javier Milei quer baixar a maioridade eleitoral de 16 para 14 anos, com o objetivo de arrastar as crianças em formação para suas ideologias de cunho fascista.

É um paradoxo, Camarão comandar a campanha de Duarte Júnior, onde o governo nunca elegeu um prefeito, fora da Secretaria de Educação. É um vazio de poder perante mais de 11 mil professores do ensino médio e superior (Uema), fora o corpo técnico que também envolve milhares de pessoas.

A pasta de Camarão tem apresentado avanços significativos na qualidade do ensino, na queda do analfabetismo e na preparação de mão de obra nos cursos técnicos do ensino médio dos Iemas. Além do mais, seria desastroso para um secretário de tamanha relevância no governo, pensar em ser candidato à sucessão de Carlos Brandão em 2026 apenas cumprindo a missão protocolar de vice-governador. Talvez, olhando esses parâmetros, Brandão estaria repensando deixar Felipe na Secretaria em que atua desde o governo Flávio Dino.

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