Como funcionará cessar-fogo em Gaza e libertação de reféns após acordo fechado entre Israel e Hamas
Israel e o Hamas fecharam um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns nesta quarta-feira (15/1).
O anúncio oficial foi feito pelo primeiro-ministro da Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, responsável pelas reuniões com os negociadores do Hamas e, separadamente, os negociadores israelenses. O acordo também envolveu negociadores do Egito.
“Esperançosamente, esta será a última página”, declarou o primeiro-ministro catari sobre a guerra.
De acordo com ele, o cessar-fogo começará no próximo domingo (19/1).
O acordo foi confirmado logo em seguida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Ele disse que o acordo “interromperá os combates em Gaza, enviará a assistência humanitária tão necessária para os civis palestinos e reunirá os reféns com suas famílias após mais de 15 meses de cativeiro”.
Nas redes sociais, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump disse: “Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve”, escreveu.
De acordo o serviço de verificação da BBC, dos 251 reféns capturados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, 94 continuam em Gaza — acredita-se que 60 estejam vivos e 34, mortos.
Ainda não foram divulgados os detalhes do acordo, mas o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Hamas “cedeu” devido à “postura firme” do líder israelense contra as demandas de última hora relacionadas ao
posicionamento de forças israelenses no chamado Corredor Filadélfia, entre Gaza e Egito.
No entanto, o gabinete de Netanyahu destacou que “ainda há várias cláusulas não resolvidas” no acordo que precisam ser tratadas.
A expectativa é de que os detalhes sejam finalizados nas próximas horas desta quarta e que o acordo seja aprovado pelo gabinete israelense na manhã de quinta-feira (16/1).
Segundo o correspondente da BBC em Gaza, Rushdi Abualouf, o acordo permitirá que centenas de milhares de pessoas deslocadas voltem para suas casas, vilas e cidades na Faixa de Gaza.
O acordo incluiria a entrada de 600 caminhões de ajuda humanitária por dia de cessar-fogo com suprimentos médicos, incluindo tendas, vindos da fronteira de Rafah, em Gaza, com o Egito.
Também devem estar inclusos 50 caminhões de combustível para operar os hospitais que ainda estão funcionando, consertar as estações de energia e reparar os sistemas de esgoto e água.
Logo após a notícia do cessar-fogo, moradores de Gaza e de Israel foram para as ruas celebrar o acordo.
O exército israelense iniciou uma campanha contra o Hamas em resposta ao ataque sem precedentes do grupo no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 outras foram feitas reféns.
Mais de 46 mil pessoas foram mortas em Gaza desde então, de acordo com o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.
Detalhes do acordo
O esboço deste acordo já havia sido amplamente divulgado e envolve várias fases
- Fase 1
Biden confirmou nesta quarta que, durante a primeira fase do acordo de cessar-fogo, os palestinos poderão retornar aos seus bairros e a assistência humanitária na Faixa de Gaza aumentará.
A primeira fase envolveria um cessar-fogo inicial de seis semanas. Durante esse período, o Hamas libertaria 33 dos reféns capturados no ataque de 7 de outubro. Não está claro quantos desses 33 ainda estão vivos.
Entre o grupo libertado, estariam crianças, mulheres, homens acima de 50 anos, além de pessoas feridas ou doentes.
Em troca de cada refém libertado, Israel soltaria dezenas de prisioneiros palestinos.
Israel retiraria seus soldados das áreas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza, movendo-os para uma zona de segurança no lado leste.
Mais ajuda e combustível seriam permitidos imediatamente — e haveria um retorno organizado dos 2 milhões de deslocados de Gaza para suas casas ou o que restou delas.
As pessoas que viajarem a pé terão que seguir pela estrada costeira. As pessoas que viajarem com veículos ou carrinhos poderão viajar pelo centro da Faixa de Gaza.
Quase todos os 2,3 milhões de habitantes de Gaza tiveram que deixar suas casas devido a ordens de evacuação israelenses, ataques aéreos e combates em terra.