27 de julho de 2024
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Mauro Cid confirma Freire Gomes: Bolsonaro apresentou minuta golpista a comandantes das Forças

Ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel confirmou informação chave para incriminar Bolsonaro. Ele relatou ainda outros quatro encontros golpistas convocados pelo ex-presidente.

No depoimento de cerca de 9 horas à Polícia Federal (PF), que terminou na madrugada desta terça-feira (12), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, confirmou que Jair Bolsonaro (PL) participou de, ao menos, 5 reuniões golpistas.

Entre as reuniões relatadas por Cid, está a que foi citada pelo ex-comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes.

À PF, Freire Gomes disse que Bolsonaro apresentou a minuta golpista no encontro que teve com ele e os então comandantes da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Júnior, e da Marinha, Almir Garnier.

Cid disse à PF que a reunião aconteceu, mas que não esteve na sala com Bolsonaro e a cúpula militar. A informação é tida como crucial para confirmar que Bolsonaro comandou o golpe, que só não teria ocorrido por oposição de Freire Gomes e Baptista Junior – Garnier teria colocado as tropas à disposição.

Em consonância com o ex-comandante do Exército, o tenente-coronel afirmou que mantinha Freire Gomes atualizado sobre o que classificou como “pressão” que Bolsonaro sofria para colocar o golpe em marcha.

Segundo Cid, o general estava preocupado com a possibilidade de golpe e queria saber quem estava inflamando Bolsonaro e as reações do ex-presidente.

Em mensagem captada pela PF em seu celular, Cid atualiza Freire Gomes sobre a situação no Alvorada, onde Bolsonaro instalou o QG do golpe, e chega a citar alterações no “decreto”. 

“Boa tarde, general. Só para atualizar o senhor que vem acontecendo e o seguinte. O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais, mais pesada onde ele vai, obviamente, utilizando as forças, né (…) A pressão que ele tem recebido é muito grande. (…) Ele enxugou o decreto, né? Aqueles considerandos que o senhor viu e enxugou o decreto, fez um decreto muito mais resumido”, afirmou Cid ao ex-comandante do Exército.

O decreto, segundo a PF, seria a minuta golpista, que previa a instauração de Estado de Sítio. Freire Gomes declarou que na reunião com os comandantes, o documento entregue a Bolsonaro pelo ex-assessor, Filipe Martins, previa as prisões de Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Bolsonaro, no entanto, teria deixado apenas Moraes na lista dos que iriam para a cadeia com o golpe.

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