2 de dezembro de 2024
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Das pernas tortas à prata: quem é Caio Bonfim, que fez história para o Brasil em Paris-2024

DCM – O atleta brasileiro Caio Bonfim fez história na madrugada desta quinta-feira (horário de Brasília) ao conquistar a medalha de prata na marcha atlética de 20 km nos Jogos Olímpicos de Paris. Com essa conquista, ele alcançou um feito inédito para o Brasil, sendo o primeiro a subir ao pódio nessa modalidade.

Caio Bonfim, sargento da Aeronáutica, teve uma trajetória marcada por desafios desde a infância. Quando ainda era bebê, precisou passar por uma cirurgia para corrigir problemas nas pernas, que estavam arqueadas e tortas. Havia receio de que ele enfrentaria dificuldades de locomoção.

Além disso, ele era intolerante à lactose, o que agravou a fragilidade de seus ossos devido à falta de cálcio. No entanto, com apenas três anos de idade, Caio superou essas adversidades e contrariou as expectativas médicas: não só andou, como também marchou.

Nascido em Sobradinho, no Distrito Federal, Caio cresceu no Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO), fundado por seus pais com o objetivo de democratizar a prática do atletismo na região.

A paixão pela marcha atlética é uma herança familiar: sua mãe, Gianetti Sena Bonfim, foi campeã brasileira em oito ocasiões, e seu pai, João Sena, é treinador com 30 anos de experiência. Caio é treinado por sua mãe, e seu pai também foi o treinador dela, formando uma sólida base familiar no esporte.

Das pernas tortas à marcha atlética: a história de Caio Bonfim na busca por medalha inédita em Paris | olimpíadas | ge
Gianetti Bonfim, João Sena e Caio Bonfim — Foto: Reprodução/TV Globo

Com 33 anos, Caio Bonfim é um dos atletas brasileiros com mais participações olímpicas, junto com Andressa de Morais, do lançamento do disco. Sua carreira começou aos 16 anos, e ele participou de quatro edições dos Jogos Olímpicos.

Em Paris, Caio conquistou a prata após já ter competido em Londres-2012 (39º lugar), Tóquio-2020 (13º lugar) e Rio-2016 (4º lugar), onde ficou apenas cinco segundos atrás do australiano Dane Bird-Smith, que conquistou o bronze. Finalmente, em Paris, Caio conseguiu alcançar o pódio tão esperado.

Paris

Durante toda a competição, Caio se manteve entre os primeiros colocados, liderando o pelotão em diversos momentos. A prova foi intensa até o final, especialmente após Caio receber duas punições, o que adicionou emoção à disputa. Mesmo sob pressão, ele lutou até os metros finais, garantindo a prata.

Com o tempo de 1h19m09s, ele ficou apenas 14 segundos atrás do equatoriano Brian Daniel Pintado, que venceu com 1h18m55s. O espanhol Álvaro Martín completou o pódio com 1h19m11s. Outros brasileiros na prova foram Max Batista, que terminou em 28º lugar, e Matheus Corrêa, que ficou em 39º.

“É um momento muito especial que Deus me deu a oportunidade de levar essa medalha para casa, na frente dos meus filhos. A ficha ainda não caiu. Acho que essa medalha eterniza este momento e abre ainda mais portas”, disse Caio.

“Minha quarta vez em Jogos Olímpicos, 2012 terminei passando mal, tive que ser carregado com cadeira de rodas, em casa fui quarto, em Tóquio, décimo terceiro… hoje consegui ser prata, estou muito feliz, Paris já faz parte da minha história”.

O atleta, que foi penalizado duas vezes durante a prova, também desabafou sobre a arbitragem: “Eu sempre sofri com preconceito… Em uma prova europeia, com dois sul-americanos liderando, alguém tinha que ser penalizado. Mas eu sou brasileiro, não desisto; é na raça”, afirmou.

 

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