22 de maio de 2025
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Brandão e Braide só se “encontraram” nas rotatórias da Av. dos Holandeses

Por Raimundo Borges

O ImparcialO governador Carlos Brandão (PSB) deve estar assustado com tamanho burburinho de falações ao vento, nas mídias eletrônicas e tradicionais a respeito da sua sucessão em 2026. O assunto virou discussão generalizada. Porém, no seu estilo cauteloso, ele vai escapando de falar do assunto que mais ouve a seu redor.

Também, o vice-governador Felipe Camarão (PT) segue na mesma pisada, para não correr risco de estragar o que vem pela frente: ser ele o mais provável candidato a governador apoiado por Brandão. Afinal, ele surgiu em 2022 na chapa de Brandão, produto de acordo intermediado pelo então governador Flávio Dino, para dar sequência ao seu projeto de poder, iniciado em 2014 e estendido até hoje.

No entanto, todos sabem que acordo escrito ou verbal entre políticos tem tanta validade quanto a chamada “palavra empenhada”. Se der certo, deu. Se não der, por algum motivo da dinâmica política, não se fala mais nisso. E ponto final.

Por essa falta de autenticidade de acordos informais entre partidos, bancadas, lideranças e quem quer que esteja disputando o poder é que o governador Carlos Brandão, fruto de uma abonação entre o PCdoB e a direção nacional do PSDB em 2014, hoje não diz se apoia o vice Felipe Camarão, ou vai arriscar lançar o sobrinho Orleans Brandão (MDB), carimbado pelo Palácio dos Leões.

Hoje, as pesquisas apontam Eduardo Braide (PSD) como franco favorito à eleição de governador. Ele é um político desagrupado, mas de inegável potencial eleitoral desde quando foi deputado estadual, seguido de federal e nas disputas da prefeitura de São Luís. Em 2016, chegou ao segundo turno contra o prefeito Edivaldo Holanda Jr.

O detalhe: Braide concorreu pelo PMN, um partido nanico, sem representação nos municípios maranhenses e apenas com ele na Câmara dos Deputados. Mesmo assim, chegou a 46,06% dos votos, contra 53,94% de Holanda, com a máquina municipal nas mãos.

Mas a maior demonstração de força de Braide ocorreu em 2024, quando foi reeleito com 70% dos votos, bem acima dos 55,47% que conquistou no segundo turno de 2020, concorrendo pelo Podemos, contra o deputado Duarte Jr, 44,47%. Era o auge da pandemia de covid-19, numa eleição marcada por restrições. Agora, ele planeja disputar o governo do Maranhão, num novo enfrentamento duríssimo.

Braide terá que renunciar ao mandato em abril do próximo ano e passar o cargo à vice-prefeita Esmênia Miranda, professora do ensino médio, com mestrado na Uema. Se esse fato vier a se tornar realidade, São Luís terá na prefeitura a 4ª mulher e uma vitória da cor negra.

A 11 meses desse desfecho em que o Palácio dos Leões poderá ser ocupado pelo vice-governador Felipe Camarão e La Ravardière (sede da Prefeitura) pela vice Esmênia, nem Eduardo Braide propala sua pré-candidatura, nem Carlos Brandão toma a postura de postulante ao Senado.

Há uma zona cinzenta de indefinição sobre a política do Maranhão em 2026, não apenas sobre quem será o prefeito da capital e o governador do Estado a partir de abril, mas também as vagas de senador. Apesar da proximidade dos dois palácios, separados apenas por um muro, no entanto, os seus ocupantes vivem como se estivessem distanciados pelo Oceano Atlântico.

Carlos Brandão e Eduardo Braide são políticos de perfis ideológicos parecidos. Não adotam o esquerdismo vigente na esfera federal, muito menos a direita ou extrema-direita que arrastam o bolsonarismo para um universo errante em 2026. Ironicamente, os dois principais governantes do Maranhão só se “juntaram” em São Luís no trânsito, numa “parceria concorrente” em obras da Avenida dos Holandeses.

Braide acabou com cinco rotatórias, nivelando as faixas de trânsito e construindo jardins. Brandão fez um viaduto (apelidado de Bacabeirinha) e transformou a rotatória do Olho d’Água em dois retornos, também ajardinados. Um figurino que agradou em cheio o gosto popular, desafogou o trânsito, enquanto espera as urnas de 2026.

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