14 de fevereiro de 2025
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Entenda investigação da PF que acusa Bolsonaro de tentativa de golpe

Investigação da PF indica trama golpista liderada por Bolsonaro, com ataques às urnas, ameaças a autoridades e articulações secretas.

A Polícia Federal (PF) indiciou, na última quinta-feira (23/11), o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento em plano de golpe de Estado.

A acusação inclui crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe e organização criminosa. Entre os indiciados, estão ex-ministros, militares e ex-assessores presidenciais.

O Metrópoles separou os principais pontos da investigação para esclarecer os eventos e as estratégias que sustentaram a suposta trama golpista.

Imagem colorida de Lula, Moraes e Alckmin - Metrópoles
Lula, Moraes e Alckmin foram alvo de militares

A apuração da PF revelou o plano denominado Punhal Verde Amarelo, que previa o assassinato de figuras centrais do governo e da Justiça, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A PF aponta que Bolsonaro sabia da existência do plano.

O documento detalhando os assassinatos foi impresso no Palácio do Planalto pelo general Mário Fernandes, então número dois da Secretaria-Geral da Presidência. Fernandes teria feito seis cópias do material em dezembro de 2023, supostamente para distribuição durante uma reunião.

No dia seguinte, registros mostram que ele esteve no Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro estava recluso após perder as eleições de 2022.

Os envolvidos no plano, conhecidos como “kids pretos”, utilizavam técnicas militares para organizar as ações. Esse grupo era composto por integrantes das Forças Especiais do Exército e articulava medidas para atingir seus objetivos em novembro e dezembro de 2022.

Grupos secretos para coordenar o golpe

A investigação revelou a criação de grupos de mensagens no aplicativo Signal, conhecido por apagar automaticamente as conversas conforme período determinado pelo usuário, usados por militares para tratar do suposto plano golpista.

Um dos grupos chamava-se Copa 2022. Seus integrantes adotaram codinomes de países (como Alemanha, Japão e Gana) e apelidos para seus alvos: Lula era “Jeca”, Alckmin “Joca” e Moraes “professora”.

Segundo a PF, os investigados habilitaram linhas telefônicas em CPFs de terceiros para dificultar a identificação. Essa prática, descrita como uma técnica de “anonimização”, é comum em operações militares sigilosas.

A diligência descobriu que, no dia 15 de dezembro de 2022, um veículo oficial do Exército foi usado para deslocamento entre Brasília e Goiânia. A data coincide com a suposta execução de uma etapa do plano que incluía a prisão ou execução de Moraes.

Minuta golpista e as reuniões com comandantes militares

Minuta do golpe

Um dos principais elementos do inquérito é a chamada minuta golpista, apresentada por Bolsonaro aos comandantes das Forças Armadas logo após as eleições de 2022.

O documento sugeria instaurar estado de defesa ou de sítio e iniciar operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para manter Bolsonaro no poder.

De acordo com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso, o ex-presidente discutiu o conteúdo do documento com os chefes das três forças militares. Apenas o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria apoiado a proposta.

Os outros dois comandantes, Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica), rejeitaram a ideia. Freire Gomes, inclusive, ameaçou prender Bolsonaro caso ele levasse o plano adiante.

Em 9 de dezembro de 2022, Cid enviou mensagem ao general Freire Gomes relatando que Bolsonaro tinha revisado e “enxugado” o texto do decreto para torná-lo mais direto.

“O que que ele fez hoje de manhã? Ele enxugou o decreto, né? Aqueles considerados que o senhor viu e enxugou o decreto, fez um decreto muito mais resumido”, disse o então braço direito de Bolsonaro, Mauro Cid.

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